O brilho em meio ao caos: como o Samu vem atuando em meio à maior crise sanitária do século

0
samu 192

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência completa 15 anos em 2020 e contabiliza histórias de sucesso. A reportagem do Brasil 61 acompanhou, com exclusividade, a rotina de uma equipe do DF no transporte de pacientes com covid-19, diretamente da ambulância

” Quando a USA chega, é para brilhar. Ela chega como estrela.” As palavras da enfermeira Ana Paula Yung, 49 anos, definem o que o trabalho dentro da Unidade de Serviço Avançado (USA) representa para ela. Nascida mineira, a profissional da saúde mora hoje no entorno do Distrito Federal (Valparaíso de Goiás) e atua na região administrativa do Gama, distante 34 km do Plano Piloto, sede do poder local e federal. São 11 anos dedicados a correr contra o tempo para salvar vidas e contar histórias – e isso ela tem de sobra. “Aqui é minha primeira casa”, decreta.

A unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) à qual Ana Paula se refere é considerada avançada por ter um médico compondo a equipe e para atender pacientes em casos mais graves. As demais são consideradas básicas, usadas em atendimentos de menor complexidade. De acordo com dados da Secretaria de Saúde do DF, o Samu tem hoje 30 unidades de suporte básico e oito de suporte avançado.

A frota distrital conta ainda com 20 motolâncias, utilizadas para chegar mais rapidamente ao local do acidente e iniciar os procedimentos até a chegada da ambulância, e um helicóptero compartilhado com o Corpo de Bombeiros do DF, que prioriza atendimentos de longa distância, múltiplas vítimas, vítimas presas em ferragens e atendimentos que exigem mais velocidades, como infartos e Acidente Vascular Cerebral (AVC).

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, 3,7 mil unidades móveis estavam habilitadas até julho deste ano. Desse total, 3,4 mil são ambulâncias, que cobrem cerca de 3,8 mil municípios espalhados por todo o Brasil. São mais de 177 milhões de pessoas alcançadas com o atendimento.

Assistência à população 

“Só o usuário que precisou do serviço do Samu sabe o quanto ele é importante”, crava o diretor do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do DF, Alexandre Garcia. Doutor Garcia, como é conhecido entre a equipe, revela que o sistema recebe cerca de um milhão de ligações por ano. Dessas, 275 mil vão parar no telefone dos médicos da corporação. “Na ligação, eles orientam de alguma maneira ou fazem uma intervenção”, explica.

E são dessas ligações para os médicos que surgem os trabalhos para o Samu. Por ano, são realizados cerca de cinco mil transportes e remoções de um hospital para outro e 75 mil intervenções no próprio local do acidente ou ocorrência. “Todo ano, entre 75 e 80 mil pessoas são atendidas pelo Samu”, contabiliza o diretor.

Em um cenário de crise global na saúde, causada pela pandemia do novo coronavírus, Garcia assegura que o trabalho do Samu ficou mais evidente. “As pessoas que precisam do serviço estão usando-o e as pessoas que têm dúvida sobre o coronavírus também, embora o número de ligações não tenha aumentado tanto”, revela o médico. Em março e abril, o número passou de 75 mil para 60 mil.

Garcia atribui essa estabilidade ao serviço conjunto com a Secretaria de Segurança Pública por meio do Telecovid, que, até maio, já tinha registrado 8.518 ligações de cidadãos com dúvidas ou buscando orientação sobre a covid-19. “As ligações são para orientar as pessoas para se acalmarem, para evitarem espaços públicos, para o uso adequado de máscaras e álcool em gel”, enumera.

“No entanto, o número de intervenções aumentou. A gente fazia em torno de 300 transportes por mês. Em junho, foram 513 – metade foi de pacientes com covid”, pondera o diretor do Samu no DF.

Unidades renovadas

A frota do DF foi renovada no ano passado. Essa renovação é feita pelo Ministério da Saúde a cada cinco anos, segundo o médico do Samu, mas as unidades do DF foram trocadas pela Secretaria de Saúde local. As manutenções estão em dia e todas possuem seguro e GPS, para que as unidades de controle acompanhem a viagem, caso necessário. “As viaturas mais antigas que temos são de 2018”, comemora Garcia.

“Os equipamentos são preconizados pelo Ministério da Saúde, eles são perfeitos. Temos até algo a mais para oferecer aos pacientes”, orgulha-se o médico. Contudo, as distâncias são os grandes limitantes. “A gente distribui as 38 viaturas em pontos espalhados pelo DF. Temos 18 pontos que servem para diminuir o que chamamos de tempo/resposta.”

O número de viaturas depende de critérios do Ministério da Saúde. Cada carro com médico (a) e enfermeiro (a), a chamada Unidade de Suporte Avançado, é direcionado para atender, em média, 450 mil habitantes. Uma de suporte básico, com condutor (a) e técnico (a) de enfermagem, atende entre 100 e 150 mil habitantes. “O DF, que tem em torno de três milhões de habitantes, é contemplado com as oito avançadas e 30 básicas. Aos olhos do ministério, esse dimensionamento é correto, mas a gente sente falta de um pouco mais”, confessa.

Fonte: Brasil 61

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *