O grão de trigo precisa morrer para dar fruto
No último dia 11 de março, feriado municipal em Meruoca, mais uma vez recordou-se a inesquecível figura de Monsenhor José Furtado Cavalcanti, 22 anos após sua partida para a eternidade. Durante 50 anos, Meruoca e Alcântaras foram o campo de sua missão. Para o povo dessa serra, ele foi o grande pai espiritual, que além de sacerdote era médico, juiz, conselheiro, professor e, acima de tudo, o maior referencial já pode existir.
Existe uma passagem que diz: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto.” (Jo 12, 24).Monsenhor Furtado, em seu sacerdócio, produziu muitos frutos, e os frutos permaneceram. A caridade que impelia o seu coração fez com que ele se assemelhasse a Jesus. Todos em Meruoca são capazes de testemunhar que ele não reservou nada para si, mas entregou-se, consumiu-se pelo Reino de Deus.
Semelhante a uma vela que se consome, ele foi se diluindo em luz. Exaurindo-se, mas iluminando a tudo e a todos. Abnegado de si mesmo, ele lutou para dar o pão material e o pão espiritual para seu povo. Sonhou em dar vida digna aos sofredores e com a inspiração divina, que sempre lhe acompanhou, foi isso o que ele fez em toda a sua vida, em toda a sua missão. Aliás, sua vida era a sua missão.
Vida e missão se misturavam na pessoa do Monsenhor de tal forma que era difícil ele ter um tempo para si mesmo. A qualquer hora do dia ou da noite, no verão ou no inverno, ele estava sempre disposto para a missão. Queria socorrer a todos. Não queria admitir que algum moribundo morresse sem os sacramentos nem que, para isso, tivesse que andar a pé ou a cavalo nas madrugadas frias da Meruoca. Gastou-se, consumiu-se e não reservou nada para si!
Foi morrendo para si mesmo para que pudesse dar a vida ao seu povo. Era o grão de trigo que, ao morrer, transmitia vida. Transmitia vida no Santo Sacrifício da Missa, em cada sacramento realizado, nos conselhos e ensinamentos que dava, nas consultas que realizava como médico do povo. Transmitia vida no amor que nutria por cada ovelha, especialmente àquelas mais abatidas e cansadas. Alma heroica, Monsenhor Furtado, lutou até o fim o bom combate pela Causa de Cristo, para manter acesa no coração do povo a sagrada chama da fé.
Hoje o Monsenhor se encontra na vida eterna. Não morreu, entrou na vida. E agora, mais do que nunca, gozando da vida plena, ele transmite vida para o seu povo. Bendito seja Deus pela vida de José Furtado Cavalcanti, o Monsenhor: o grão de trigo que morreu para dar vida!
Ygor Leonardo Sampaio
Seminarista Diocesano