Criado à imagem e semelhança de Deus, todo ser humano é chamado a conhecer e amar Deus. Esse, na verdade, é um desejo inato e inscrito no coração do homem de tal forma que, se ele se desune de seu Criador, acaba se perdendo em sua incompletude, em sua sede de Deus. Há um constante germinar de eternidade nas profundezas da alma humana, que nem a modernidade, nem os avanços da tecnologia, nem as facilidades do mundo atual conseguiram tirar.
Desse modo, o homem é totalmente capaz de conhecer Deus, falar de Deus e de tê-lo dentro de si. Mesmo em nossa pequenez material, nós tendemos para o infinito. E, mesmo quando a humanidade pretende romper essa união íntima e vital com Deus, Ele mesmo, de sua parte, não cessa de chamar todo homem a procurá-lo, para que viva e encontre a felicidade.
Em suas “Confissões”, Santo Agostinho escreveu uma bela oração sobre a busca de Deus: “A despeito de tudo, o homem, pequena parcela de vossa criação, quer louvar-vos. Vós mesmo o instigais a isto, fazendo com que ele encontre suas delícias no vosso louvor, porque nos fizestes para vós e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em vós.”
Faz parte de um chamado de Deus e de uma necessidade humana procurá-lo, conhecê-lo a amá-lo. E existem várias formas de se chegar a Ele. A própria ordem e beleza das coisas criadas nos apontam para a suprema perfeição do Criador. Ele é o alfa e o ômega, princípio e fim de tudo o que vive.
Qualquer questionamento sobre a existência de Deus pode ser refutado pela obra criada, pela simples observação da natureza. Há uma centelha de Deus em todas as coisas: na imensidão do mar, no verde das florestas, no cantarolar dos pássaros, no nascer de uma aurora radiante. Há sempre um sinal de Deus inserido nas criaturas como um artista que deixou sua marca na obra.
E quando o homem, em sua liberdade e consciência, se abre para Deus, ele experimenta a vida plena, a verdadeira dignidade humana, pois as realidades terrenas não são suficientes para lhe dar sentido pleno. É necessário, para nós, ligar-se a Deus e às coisas divinas.
Portanto, o homem é capaz e deve transcender ao âmbito temporal deste mundo, pois nas profundezas do seu coração, permanece sempre a nostalgia da verdade absoluta e a sede de chegar à plenitude do seu conhecimento.

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