O ÍNDIO CARREGA SUA CRUZ NO FOGO AMAZÔNICO

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Cadê o Brasil, com seus índios? Quem quiser encontrar, basta ver a história do índio brasileiro, na linha que separa a realidade da ficção. Ou seja, o índio carregando sua cruz no fogo Amazônico.
Esta situação já foi vislumbrada pelo senador vergueiro, ao assinalar, num discurso famoso, “Que os nossos males, vêm de que a nossa organização política antecedeu a nossa organização social. Tivemos um Estado antes de haver povo”.
Isso representa dizer, que o centralismo ilegal, iniciava-se, desde do descobrimento, para não mais ter paradeiro senão por meio de artifícios importados, de outros países, desde a aurora do mundo moderno aos nossos dias, a tal ponto de permitir, um velho índio trêmulo, remelento andar pela cidade de Brasília, pedindo para não ser queimado pelo fogo tocado pelo agressor do sistema político que não consegue enxergar a relação promiscua, entre o absurdo e o latifundiário.
Aqui e ali uma nesga de mata forma uma cortina para encobri o que restou de mata Amazônica. Acobertado pelo modelo do sistema político, que se mistura com o capital internacional e com o capital financeiro dos meios de comunicações. Até com algumas ONGs internacionais, que causam sérios danos ambientais, ameaçando os índios, lavando á extinção, de uma infinita quantidade de espécies vegetais e animais.
“Por isso, digo:” Ai de ti, Amazônia; ai de ti, índio brasileiro, parafraseando Jesus Cristo que disse: “Ai de ti, Jerusalém”.
Portanto, enquanto houver latifúndio não haverá paz na Amazônia. O latifúndio por definição é acumulação de exclusão. É tóxico, antinatural, inumano, contra a vida. É o inimigo número um, da América latina. A história do Brasil é das Capitanias, que nada mais eram do que das terras, há latifúndio na política, o avô é senador, o pai é deputado federal e o filho deputado estadual.
Segundo os especialistas, no Norte e nordeste, o latifúndio se consolidou com as griladas ou tomadas dos índios, que foram parar nas mãos de políticos, que se apoiam na monocultura extensiva, usando trabalhos escravos e matando índios e trabalhadores rurais. E mais: o latifúndio é homicida e suicida porque promove as queimadas, criando a miséria ecológica em toda Amazônia.
Infelizmente, a tirania desse sistema antidemocrático espúrio está na origem das armadilhas políticas latifundiárias, a tal ponto que já tivemos sete constituições nacionalizadas e uma Emenda outorgada pela junta militar, mas sempre suas práticas estiveram divorciadas das realidades da nossa Amazônia e da vida dos nossos índios. O Estado nunca se dispõe a dar uma clara demonstração de interesse pela solução dos grandes problemas das terras indígenas, como se pode acompanhar pelos conflitos gerados, entre índios e latifúndios.
A Constituição de 88 representa uma esperança, com as suas medidas, nela, preconizadas, como os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente os índios ocupam. Mas só é possível cumprir se o atual governo fizer respeitar todos os direitos democráticos. Como? Primeiro demarcar as terras indígenas; segundo promover uma politica pública em defesa da Amazônia; terceiro meter na cadeia todos os ladrões de madeiras, seja eles, políticos, empresários, autoridades dos judiciários ou qualquer idiota capitalista, de qualquer cidade brasileira.
Como se sabe, a impunidade dos latifúndios, já se tornou visível no Brasil, um país, onde o fogo é mais poderoso do que a lei. Ou seja, governada por aqueles que se autoqualificam como donos da máquina do poder. Assim, eles, levam consigo os últimos troncos de madeiras. Como por exemplo, muitos arquitetos e decoradores que já se especializaram a decorarem casas de políticos e empresários, com as belas madeiras da Amazônia. Mas não divulgam nas redes sociais que, assim estão transformando a mata da Amazônia em cerrados.
É por isso, que podemos, aqui, descrever um protesto, em que um velho cacique diante dos novos hábitos econômicos do sistema da política capitalista, faz aos invasores de suas terras. O velho cacique num gesto antropológico, grita: não saberá que a terra é para nos alimentarmos e também os nossos filhos? E continua em sua revolta: também temos família, pai, mãe, filhos e netos, que amamos; com certeza, depois de minha morte, a terra que moramos, jamais nutrirá as nossas futuras gerações. Por isso, não descansamos em paz, até a minha última gota de sangue! Só abro mão dela, morto! Assim, o velho cacique potencializa a terra que ver nela, como um ato de justiça.
Afinal, fica claro, que tais fatos movem a história indígena brasileira. E no meio dessa história está opressão social, que os latifundiários encarnam; forçando o índio carregar sua infinita cruz no fogo das queimadas amazônicas, num País, onde se acredita que, a cinza é mais produtiva do aquele que primeiro povoou a sua pátria.

Jornalista, Historiador e Critico literário.

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