O mundo em busca de uma vacina que consiga frear a Covid-19

0

São mais de 160 candidatas à vacina

Por Priscila Duarte
Após o primeiro caso de coronavírus ser registrado na China, em dezembro do ano passado, pesquisadores sequenciaram o genoma do vírus para detectar mutações e, a partir disso iniciou uma verdadeira corrida em busca da cura.
Atualmente, são mais de 160 candidatas à vacina de Covid-19, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) porém, poucas estão na fase 3, sendo testada em larga escala em uma grande quantidade de voluntários.
Segundo a OMS a vacina desenvolvida na Universidade de Oxford, na Inglaterra, junto com a farmacêutica AstraZeneca vem apresentando os dados mais promissores. Já a vacina chinesa Coronavac tem parceria com o Instituto Butantan para testes e produção no Brasil. Ela também está em fase avançada de testes clínicos e indica segurança e resposta imune a doença, segundo estudos.
Ambas estão em processo de testes em voluntários no Brasil, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O país foi escolhido pelo número crescente de casos.
Projeções otimistas estimam a produção de doses dessas vacinas até janeiro de 2021.
Além da Coronavac, a China está produzindo mais duas vacinas. Estados Unidos e Alemanha também seguem na corrida em busca de uma cura.
De acordo com o Biomédico especialista em Análises Clínicas, Allan Teixeira, o processo está mais acelerado do que em um desenvolvimento normal de vacinas. “Toda nova descoberta é desafiadora e essa parece ser tão desafiadora pelo senso de urgência que nós temos. Estamos acostumados com tudo muito rápido, mas se compararmos esse vírus com outros que já conhecemos, eu diria que estamos andando a passos largos e progredindo muito nas descobertas científicas e o no conhecimento a respeito de vários aspectos desse vírus em um espaço de tempo relativamente curto, em meses, enquanto para outros vírus demoramos anos pra ter a mesma quantidade de informação que temos sobre o SARS-CoV-2”, explica.
Allan é Analista Clínico no Hospital Regional Norte (HRN). Ele destaca que a pandemia do coronavírus trouxe pacientes com resultados laboratoriais “extremamente graves como nunca tinha visto antes em um curto espaço de tempo”.

Etapas
‘Por que a vacina está demorando?’ Talvez essa seja a principal dúvida da população ansiosa para retornar a rotina sem medo ou muitas precauções, mesmo sobre aviso dos especialistas de que, máscara e higiene das mãos ainda serão indispensáveis por um longo tempo.
Segundo Allan Teixeira, existe um longo caminho para que uma vacina ganhe forma. “Para a vacina estar disponível para todo mundo talvez demore um pouco mais, já que isso depende de diversos fatores, como a capacidade de produção, da disponibilidade de insumos, do custo, do contrato com os governos e da logística de distribuição. Tudo isso deve impactar o tempo dessa vacina estar disponível de forma ampla para a maioria da população”, explica o biomédico.
Até agora, a vacina do Sarampo foi a mais rápida a ser desenvolvida pela ciência, após dez anos da doença ser identificada.
“Para a produção de uma vacina o maior desafio é entender os mecanismos de resposta imune contra esse vírus. A vacina é basicamente uma forma de ensinar o nosso corpo a se proteger do vírus antes que haja a infecção. Se compreendermos a resposta imune, então podemos chegar a uma vacina eficiente. E para que haja essa compreensão são necessários diversas pesquisas e ensaios clínicos para termos a comprovação que a vacina é realmente eficiente para treinar o nosso corpo a reconhecer o vírus e evitar a infecção”, disse.
Para ele, a grande incógnita a respeito da vacina é se ela vai proporcionar uma imunidade duradoura ou se precisará ser sazonal, ou seja, seria reaplicada depois de um certo período como a da gripe.

Vacina Russa
Nesta terça-feira (11) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou o primeiro registro de vacina contra a Covid-19 do mundo. O presidente afirma que a vacina possui uma imunidade duradoura e destaca que sua filha fez parte do experimento.
Enquanto os laboratórios da China, EUA, Alemanha, e outros países publicam estudos ou dados científicos sobre os testes realizados, a Rússia não publicou nada, gerando desconfiança em especialistas da Organização Mundial da Saúde. Isso porque ela precisa passar por três etapas, sendo a última composta por testes em milhares de humanos.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *