Os “flanelinhas” de Sobral – pastoradores e lavadores de carros

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O Sr. Antônio Dutra, casado com a Sra. Maria Lúcia Fernandes Dutra, mora no Bairro Dom Expedito, tem três filhos e quatro filhas. Sustenta sua família a 32 anos pastorando e lavando carros na Praça da Coluna da Hora. Sempre muito atencioso, gosta do trabalho que faz e tem uma renda entre R$ 900,00 e R$ 1.200,00 mensalmente.
Antônio José Viana, 58, solteiro, 8ª. Série, pai de sete filhos, 11 netos, uma bisneta, mora no Bairro Sumaré, flanelinha de carros na Praça Coluna da Hora a 38 anos. Muito experiente, tem uma renda mais ou menos de um salário mínimo. Na pandemia, dentre os que eu entrevistei foi o único que recebeu auxílio emergencial de R$ 600,00, R$ 300,00 e R$ 150,00. Seu irmão, José Tupinambá Viana, 57, casado, 2ª. Série, pai de quatro filhos, mora na Rua da Felicidade, Bairro Vila União, trabalha com ele a 36 anos. Sua renda é em torno de R$ 1.000,00.
José Ribamar de Paula Sousa, 59, casado com a Sra. Daniele Cardoso Veríssimo, pai de dois homens e uma mulher, mora no Alto do Cristo. Faz 17 anos no ponto de pastorar motos na Rua Viriato de Medeiros. Foi balconista de farmácia durante 16 anos em Fortaleza. Trabalhou na Grendene Sobral e hoje, como pastorador de motos tem uma renda entre R$ 800,00 a R$ 1.500,00. “Não é todo mês que dá bom não, Salmito”, diz ele. “E eu sustento a minha família, pagando água, luz, gás, etc. E você sabe que tudo está muito caro, né? E na época da pandemia que ninguém podia sair de casa eu passei muita necessidade. Se não fosse os amigos eu tinha passado fome”. Continua: “ainda bem que agora um rapaz meu está trabalhando para me ajudar. Tenho medo do prefeito tirar a gente daqui. Ouvi dizer que aqui vai ser um calçadão”.
Jenilson Marques Camilo, (Bio), 47, 4ª. Série, três filhos de mulheres diferentes, mora na Cohab II. Faz 20 anos que pastora e lava carros na Rua Maestro José Pedro, atrás do Museu Diocesano. Sua renda é de mais ou menos R$ 70,00 por dia.
Alguns foram presos 6 anos, 10, até mesmo 20 anos devido drogas e roubos. Um deles (não citado aqui) me falou: “não tenho vergonha de dizer, fiz muita coisa errada, mas estou recuperado, hoje sou um pai de família”.
Mas a pergunta que não quer calar que todos fazem: “quando é que o prefeito vai fazer o nosso cadastro para a gente ter a nossa bata, o nosso crachá e a gente trabalhar todo direitinho? Na época do Secretário Campelo (Costa) fomos para uma reunião na prefeitura e até hoje não deu em nada. Nós queremos é trabalhar organizados. Fale com o prefeito, ajude a gente”.
(Por Salmito Campos – salmitocamposs@gmail.com).

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