No mesmo ano em que ingressara no Seminário São José de Sobral, aos dezessete anos, o adolescente Osvaldo Carneiro Chaves compôs os versos que se tornariam o hino de sua terra natal, Granja. Em 1951 foi ordenado sacerdote e já se passam quase 68 anos. Desenvolveu atividades pastorais em Paróquias da Diocese de Sobral até vir para a sede. Em Sobral exerceu a capelania da Santa Casa de Misericórdia e ministrou aulas no Seminário, em Colégios e na Faculdade de Filosofia Dom José. Suas missas-aulas eram frequentadas por um seleto grupo. Gente que gostava da liturgia e de entender a liturgia, pois, o sacerdote dava-nos o passo-a-passo do que ocorreria e do que estava a ocorrer. Lembro-me de um encontro antes da Missa quando ele ingressava na Igreja do Abrigo e ele recitava uma oração. Memorizei o trecho que ele pedia para dignamente celebrar.
Próximo dia 21 ele fará 96 anos. Seu respirar é motivo de alegria para todos nós que o amamos. O sacerdote, professor, amigo é, para mim, o mais importante poeta cearense. E porque tudo o que é bom é raro, seus poemas são esparsos. Alguns deles foram reunidos no livro Exíguas, publicado em 1986 e relançado em 2007. Sobral é pátria sua. Todos os que aqui aportamos sabemos da referência cultural e religiosa do sacerdote Osvaldo Chaves.
Numa rápida leitura da dissertação de mestrado do Prof. Joan Edessom de Oliveira apresentada, em 2006, no Curso de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará, intitulada “Padre Osvaldo Carneiro Chaves: Os caminhos da Docência”, vemos um bem fundamentado texto biográfico do nosso Mestre. Cita o autor a expressão: “Nulla dies sine linea”, traduzindo do latim, “Nenhum dia sem uma linha”, dado o incentivo dele para que seus alunos escrevessem. Ainda neste precioso texto, o autor lembra que “Padre Osvaldo soube também a hora de parar”. Refere-se, evidentemente, à sala de aula. Mas, Padre Osvaldo parou, também, de ministrar sua aula eclesial, com as devidas autorizações da Diocese de Sobral, à qual serviu com honra e dignidade.
Ano passado, sem contar com a presença do Mestre-Poeta Padre Osvaldo Chaves, foi lançada uma coletânea de seus sermões. O livro foi coordenado por Djalma Gomes e Sérgio Carneiro, com transcrição dos sermões de José Jacó de Araújo. É uma joia rara espalhada em 240 páginas, com edição da ECOA Sobral. Logo de início o mestre dá uma breve explicação intitulada “Para não atrasar o esquecimento”. É uma página sentimental e histórica que nos remete aos primórdios de sua vocação tão bela. Os sermões são relacionados. E para quem os ouviu pessoalmente, lembra-se do início clássico: “Meus distintos irmãos e minhas distintas irmãs”… e começa sua catequese que se concluía com o ato de fé, a oração do credo.
Este espaço e, penso que o de toda esta edição, é pequeno para comentarmos esta Obra, obra com inicial maiúscula, bem como a Vida do Padre Osvaldo. Ao final do livro, o amigo Clodoveu Arruda, o nosso Veveu lembra da expressão “Imagine”, tão presente na coloquialidade do Mestre Osvaldo Chaves. Este livro mata a saudade que se tem das Missas do Padre Osvaldo e parece que o ouvimos novamente, mas, hoje é dia de agradecer-lhe por todo o bem que ele nos fez e dizer: Feliz  Aniversário, Mestre!

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