E o problema só se agrava

Daqui a um mês, em 10 de dezembro, celebrar-se-á o Dia da Declaração Universal dos Direitos dos Animais lamentavelmente, e como sempre, com atividades promovidas apenas por defensores da causa. Vale lembrar que no dia 27 de janeiro de 1978 a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) proclamou a Declaração dos Direitos dos Animais.
O texto que motivou tal declaração foi elaborado num Encontro Internacional sobre Direitos dos Animais realizado de 21 a 23.09.1977, em Londres, pela Liga Internacional dos Direitos dos Animais e suas afiliadas. Infelizmente, a mensagem permanece pouco conhecida do público e o mais agravante é o desrespeito às normas ali estabelecidas.
Além da data retromencionada, há, ainda, o Dia Nacional dos Animais (14 de março), Dia Internacional de Animais de Rua (3º sábado de agosto), Dia Mundial dos Animais (4 de outubro) e outras ligadas à causa animal. Todas elas sugerem mais frequência no questionamento e ação quanto a um problema que se arrasta há anos e que se expande rapidamente em quase toda cidade brasileira. E o cerne da questão é que é mínima a aplicação das leis de proteção aos animais, assim como ainda é muito reduzido o número dos que defendem sua aplicação.
Apesar de a cada dia se tornar mais dramática, a situação dos irracionais (bichos) não chega a sensibilizar a maioria dos racionais (governantes). Isso se constata com a inércia de muitos mandatários, o que deixa transparecer que gradativamente eles se tornam mais animais que os próprios bichos.
É o que se observa através da reincidência das maiores atrocidades vistas nas ruas, em plena luz do dia, ou veiculadas pela mídia. São também pessoas explorando, ao máximo, animais que trabalham; outras, sonegando a devida alimentação; outras torturando, com agressões físicas e até matando com assustadores requintes de pura crueldade.
A grave situação, que é da esfera ambiental, continua a requerer urgentes providências. Só que, pelo que se observa, por incrível que pareça muitos governantes desconhecem que tais abusos e maus-tratos configuram crime ambiental. Pois aprendam: Está no Art. 32, da Lei Federal nº. 9.605 de 1998 (Lei de Crimes Ambientas). Precedendo essa legislação existe o Decreto n. 24.645, de 10 de julho de 1934.
Centralizando o caso apenas em Sobral, insisto em assegurar que, além dos maus-tratos, continua crescente o número de casos de desova em locais como Parque da Cidade, UVA, Parque Silvana, dentre outros. Muitos animais, principalmente cães e gatos famintos, pequenos e totalmente indefesos são jogados ainda sem nem terem aberto os olhos.
Por outro lado, os órgãos de saúde pública do município parecem fechar os olhos, numa atitude de total desprezo pelos animais irracionais. Não só por eles, mas também por nós – os que nos dizemos racionais – que ficamos passíveis de contrair raiva, toxoplasmose, conjuntivite infecciosa e outras doenças.
Ainda estamos por entender por que motivos o atual prefeito sobralense não vem pondo integralmente em prática as promessas de campanhas quanto à proteção animal. Pouquíssima coisa tem sido feita diante da grandiosidade do problema e da urgência de mais ações que certamente viriam minimizar a problemática dos animais abandonados na cidade.
Pelo que se observa, a administração tem tentado camuflar o problema, adotando pálidas e ineficazes ações. Pena que elas servem unicamente para ensaiar desculpas para a falta de ações. Tal estratégia é aceita apenas por incautos ou simpatizantes do poder. Só que os bichinhos não podem esperar mais.
Mas nem tudo está perdido! Ainda bem que tem crescido o número de grupos que “fazem as vezes” do poder público flagrantemente negligente nessa questão. Ainda bem que também tem crescido o número de pessoas que, de forma individual e anônima, à custa de recursos próprios e da doação de simpatizantes da causa, vêm tentando contornar o grave problema dos animais de rua na cidade.
Vale ressaltar que Sobral conta também com valorosas ONGs, como “Anjos de Patas” e “Grupo Marlove” e outros. Esse serviço de formiguinha tem sido notável, mas necessita de mais apoio, mais ajuda financeira, ajuda de profissionais (veterinários) e da sociedade, já que com o poder público pouco se pode contar.
Diante desse preocupante quadro, continuo torcendo para que se cumpra o que há anos bem disse o gênio italiano, Leonardo da Vinci (1452-1519): “Chegará o dia em que todo homem conhecerá o íntimo dos animais. Nesse dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a própria humanidade”. Mas enquanto esse dia não chega, continuemos cobrando ações dos governos e fazendo cada um a sua parte. Enfim, “quem não tem cão, caça com gato!”. É o jeito!

 

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