POUCAS E BOAS
Sem alienação
Em 18 de setembro de 1822, através de Decreto Imperial, Dom Pedro I instituiu como símbolos dos brasileiros a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional, atualmente regulamentados pela Lei 5.700, de 01.09.1971. Assim nasceu o dia dos Símbolos Nacionais (18 de setembro).
Em 21 de setembro de 1999, o presidente em exercício José Alencar sancionou a lei de autoria de Lincoln Portela, deputado federal (PR/MG), que torna obrigatória a execução do Hino Nacional, uma vez por semana, nas escolas públicas e particulares de Ensino Fundamental. Sobrou para os professores, principalmente, a tarefa de se empenhem em “traduzir” ou “explicar” em palavras atuais e inteligíveis a letra do nosso Hino. Pena que pouquíssimos fazer isso.
A propósito, imagino que muitos deles nem imaginam que a Independência também é cantada e decantada, assim: “Já podeis, da Pátria filhos/ Ver contente a mãe gentil/ Já raiou a liberdade/ No horizonte do Brasil…”. Pra não continuarem na ignorância: a letra desse hino é de Evaristo da Veiga; a música, de Dom Pedro I.
Em 31 de julho de 1903 foi executado pela primeira vez o Hino do Ceará, Com letra de Thomaz Pompeu Ferreira Lopes, orquestração e regência do maestro Zacharias Gondim. No Estado, o Decreto Nº 27.155, de 31.09.2003, assinado pelo então governador Lúcio Alcântara, torna obrigatória a execução do Hino do Estado, uma vez por semana, nas escolas públicas da rede estadual.
Só que hoje a meninada não canta e muitos nem sabem se o estado do Ceará tem hino. Igual desrespeito ocorre quanto ao Hino Nacional, Municipal e outros mais. E por que isso ocorre?
É muito fácil descobrir os motivos: Não há quem oriente sobre a existência de tais leis; não há quem exija o seu cumprimento e não há quem estimule de forma consciente a este exercício cívico. Em âmbito nacional, o único incentivo estava sendo a inserção do Hino Nacional antes do início dos jogos da Seleção Brasileira.
Com o fracasso da nossa Canarinha nas últimas copas, diminuiu o interesse em cantarolar a obra de Joaquim Osório Duque Estrada (letra) e Francisco Manuel da Silva (música). Ainda bem que há algum tempo a maioria das Federações encampou a ideia de dar sobrevida ao nosso belíssimo hino.
Mas, no meu entendimento, patriotismo vai muito além de cantar hinos, marchar ou conhecer símbolos cívicos. As ações que o caracterizam devem surgir de livre e espontânea vontade e devem ser praticadas de forma consciente e responsável.
Estimuladas, sim, e sem obscurecer a realidade dos fatos. Agora, jamais transformadas em “obrigação legal”. Mas infelizmente essa última estratégia tem sido a preferida da maioria dos governantes e autoridades do ensino que tentam implantar patriotismo na população marra.
De forma civilizada e ordeira, essa equivocada forma de ensinar civismo deve ser combatida e rejeitada. Pois além de não surtir efeito, sua imposição só causa insatisfação, revolta e a desobediência.
Que fique bem claro: Conhecer melhor nossos símbolos (Bandeira, Armas, Selo e Hino), respeitá-los, defendê-los e reverenciá-los é um excelente exercício de cidadania, que faz bem a todos.
Mas insisto: Desde que seja praticado de forma que não nos aliene da realidade que nos cerca. Desde que não nos prive de nos indignar contra o que há de errado. E praticado de maneira que nos estimule a tudo fazer para promover as correções necessárias. E viva o Brasil!
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Viva mais
Em 10 de setembro (depois de amanhã) transcorrerá o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a principal causa evitável de mortes prematuras. O Setembro Amarelo é a maior campanha do mundo que visa a prevenção do suicídio. Em 2024, o lema da campanha é “Se precisar, peça ajuda!”, cuja intenção é incentivar as pessoas a falarem abertamente sobre suicídio e a também buscarem apoio quando necessário.
Números
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados mais de 700 mil suicídios anualmente. No Brasil, o número chega a aproximadamente 14 mil casos por ano, o que corresponde a cerca de 38 suicídios por dia. Vale lembrar, também, que para cada suicídio efetivado há cerca de vinte ou mais tentativas frustradas.
Contramão
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), os índices de suicídio estão diminuindo em diversas regiões do mundo. Por outro lado, os países das Américas seguem uma tendência oposta, com taxas crescentes. DETALHE: entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é a quarta principal causa de morte. Está atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.
Alerta
Apesar de altíssimo o índice de ocorrências na região, a discussão desse tema por aqui parece nem chegar a sair dos gabinetes prefeiturais e consultórios médicos. Morre ali mesmo. Ou se mata? Será que sabem, pelo menos, o que venha a ser posvenção?
O que é
Posvenção é o conjunto de ações para promoção do cuidado prestado aos sobreviventes enlutados por um suicídio, para evitar que novas tentativas aconteçam no mesmo núcleo familiar ou escolar. É o plano que recomendam os mais afamados psiquiatras, psicólogos e estudiosos do tema suicídio.
Pérolas do rádio
“Não sei se é “ciclo vicioso” ou “círculo vicioso”, confessava, no ar, um radialista. Demonstrava, assim, pouco conhecimento da língua portuguesa e desrespeito aos ouvintes. Comunicar sem firmeza é reprovável, mas muitos colegas à preguiça não buscando dirimir suas dúvidas. Optam por pronunciar a expressão com rapidez tentando disfarçar sua insegurança. Entenda: A expressão acima se refere a um fato que, à semelhança de um círculo, dá voltas, retorna ao ponto de saída e não se modifica. Daí o nome “círculo vicioso”.