Precisamos falar sobre Suicídio

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Por Priscila Duarte
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo, sendo a segunda principal morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. No dia 10 de setembro é celebrado o dia Mundial da Prevenção contra o suicídio, por essa razão o mês é dedicado a campanhas preventivas e a conscientização da população.
É um assunto complexo, de profundo sofrimento para o indivíduo e para quem convive, cada um carrega sua subjetividade. Não existe uma causa específica para levar alguém a cometer o suicídio, embora a OMS aponte que dificuldades financeiras, términos de relacionamento, dores crônicas e doenças podem desencadear um caso, ainda assim é complexo afirmar com precisão o que leva o sujeito ao extremo, já que cada ser é único e deve ser tratado como tal.
Em entrevista com Bruna Clézia, Psicóloga e Mestre em Psicologia Institucional e Social, é possível entender que os motivos são diversos, mas que todo indivíduo dá sinais antes, por isso o ato de se importar e perceber o outro é fundamental como meio de prevenir algo profundamente doloroso.
“Todo indivíduo que acaba cometendo uma tentativa ou de fato efetivando o ato suicida, ele avisou antes. Existe sofrimento, um nível de angústia e de dor que esse sujeito em algum momento vai manifestar, seja nas palavras ou redes sociais. Muitas vezes ele não fala, mas posta coisas sobre tristeza, sendo em imagens ou frases” Bruna lembra ainda que quem se suicida quer que a dor acabe e que na maioria dos casos ele usa eufemismo para isso, como; “Como eu queria sumir e não acordar mais” “Como eu queria que isso passasse em um piscar de olhos”, explica a Psicóloga e Professora.
É um assunto que precisa ser debatido e não soterrado. A morte é repassada diversas vezes e sobre diversas maneiras pela mídia, então por que esconder o suicídio? A resposta funda-se na perspectiva que a divulgação dos casos pode resultar em outro, já que existem veículos de comunicação que descarta ter responsabilidade em falar de um ato de desespero com a sensibilidade que pede.
“Dentro de mim mora um ser que me odeia”. Essa é uma frase do documentário, Elena, dirigido por Petra Costa, a cineasta que perdeu sua irmã para as inúmeras razões que ela não soube explicar. Só Elena sabe, apenas Elena sentia. O documentário (disponível no Youtube) é a possibilidade de desenvolver o tema de uma forma delicada e consciente de como enfrentar e lidar com a dor. Já em contrapartida na plataforma da Netflix a série chamada, 13 reasonswhy, foi criticada ao expor uma cena de automutilação. A influência também é relativa, depende do nível de fragilidade de cada caso.

O Tabu da Terapia
A terapia continua sendo a medida mais eficaz e com melhores resultados, para quem sente que sua saúde mental pode estar em risco. “A terapia é coisa de louco” “É frescura” “É falta de Deus” são frases corriqueiras que a população reproduz por falta de conhecimento. Bruna ressalta que todas as pessoas deveriam fazer terapia, não no sentido de cura, mas como um caminho. Questionada se a sociedade ainda rejeita a Psicologia, Bruna responde que as pessoas ainda não têm clareza e recomenda a pesquisa por profissionais que sejam certificados pelo conselho.

Ajuda
A falta de recursos econômicos deixa determinados grupos a margem do esgotamento da saúde mental. Existem atendimentos que são públicos em escolas, universidades, em CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) ou o Centro de Valorização da vida (CVV) através do telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br.
É fundamentalter empatia, compreensão e ser solidário aos problemas do outro, pois os problemas sentimentais são tão importantes quanto os físicos e o acúmulo de um desgaste pode levar a isolamento, crise de ansiedade, tristeza excessiva, depressão, automutilação e consequentemente o suicídio.

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