EUDES DE SOUSA

Faulkner criou uma província para dentro dela construir seu universo romanesco. Tolstoi aconselha pintar sua província para ser universal. Régis Frota traz consigo a província nativa, o Ceará, para dentro dela colocar o universo, na complexidade do patrimônio artístico-cultural, formado pelo patrimônio humano, prédios e casas, garantindo que, nomeado como patrimônio, siga vivo e atuante.
Sem dúvida, trata-se de uma palestra otimista, Régis Frota, uma trajetória luminosa, texto que o destaca como um marco no contexto das conferências proferidas nos Congressos Nacionais e no l Encontro das Academias de Letras da Região, em Massapê.
O texto da palestra ressoa como se fosse um dos melhores presentes de Natal e de Ano Novo que o povo massapeense poderia receber, no final de 2023 mormente a comunidade de estudantes, professores, pesquisadores, historiadores, jornalistas, escritores e estudiosos de modo geral. O povo massapeense e de outras regiões não poderiam deixar de conter um documento tão fundamental e indispensável, para que se possa compreender melhor a trajetória das políticas públicas em defesa do patrimônio artístico-cultural.
O escritor e cineasta Régis Frota nasceu em Sobral. É mestre e doutor em Direito Constitucional pela Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, é professor titular lll, da UFC, na graduação e na pós-graduação em Direito, possui diploma de livre-docente em Direito Constitucional pela UVA em Sobral. É autor de vários livros dentre os quais se destacam” Solidarid constitucional en Brasil” Meios e mensagens: história da comunicação”, “Direito e comunicação: os limites da informação”.
Em Régis Frota, além do currículo, sobressaem a linguagem simples, a transparência, a concisão e a elegância do vernáculo, colocando de lado o pedantismo, que é muito comum na linguagem acadêmica.
Incursionou pela sétima arte, diz ele: “O cinema, por exemplo, é conhecido como a sétima arte. Simples: seria uma junção das três artes estáticas: a arquitetura, escultura e a pintura, de um lado, e três dinâmicas: o teatro, a literatura e a música, de outro lado, vez de qualquer filme podemos ver estampadas todas as imagens estáticas e todas as imagens dinâmicas”. Um belo poder de síntese, em relação a conjunto de artes representadas no cinema.

Assim, instaura uma palestra tão convincente e eloquente que possibilitou a todos conhecerem e compreenderem melhor a sua temática: “As Políticas Públicas em Defesa do Patrimônio Artístico-Cultural” dentro do contexto histórico, cultural e artístico, em que é um grande observador, ele faz uma abordagem de uma representação simbólica da condição humana, em uma prática notável centrada no papel do artista dentro da cultura e do sistema de arte.
Grande humanista, ele não consegue esconder sua paixão pelas artes. Na literatura, faz desfilar no texto de sua palestra o nome de Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e do amigo vivo, o conterrâneo escritor Davi Helder de Vasconcelos, apontando-lhes suas reflexões literárias.
A vida e obra de Régis Frota entrelaçam-se, formando um todo orgânico. Seus livros registram a coerência de um existir voltado somente para a cultura, fazendo da palavra escrita a arma que defende a cultura. Sem receio de assumir suas utopias ideológicas, ele diz que consagra a sua vida embasada na cultura cearense.
Ele faz da sua terra natal, a inspiração maior viver e escrever acreditando no otimismo da juventude cearense. Quando ele diz: “Há pessimistas que dizem que já não se lê mais, ninguém solta o celular, ninguém dispõe de tempo para leitura dos clássicos ou autores modernos, ninguém sai da televisão, será verdade?”
Isso demonstra o seu otimismo! O reconhecimento é muito importante para a consolidação cultural da região. A sua palestra: “As Políticas Públicas em Defesa da Preservação do Patrimônio Artístico-Cultural” foi um momento honroso. Faz-nos dar conta das nossas culturas, da nossa história, com belas casas, casarões, muitas delas ocupadas e alugadas, e às árvores resistindo historicamente ao adensamento urbano nos pátios das casas, no quintal.
Por fim, esperamos em breve, ter novamente em nossa presença outra palestra, ainda maior. Que o Dr. Régis Frota como grande palestrante continue: amando o seu povo, fazendo o povo amar a sua própria cultura.

EUDES DE SOUSA, membro do Instituto histórico e Geográfico do Maranhão, da Academia Sobralense de Estudos e Letras, e presidente da Academia Massapeense de Letras e Artes

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *