Santa Casa, como me dói ver-te assim…

0
foto-da-santa-casa-1200x603

Assim, triste. Assim, sofrendo…

Tu que nasceste da fé, da caridade e prosperaste sob tantas tempestades ao longo do tempo. O sentido da tua vida foi, por décadas, doar-se inteiramente aos pobres, ricos, pretos, brancos, pagãos e cristãos. E cumpriste muito bem esta missão.
Fomos testemunhos do auge de tua glória. Do teu prestígio, lembramos bem. Era uma época em que tudo funcionava e, muito bem. Ambulatórios, cirurgias, novos serviços abriram, novos meios de diagnóstico e terapias, emergência 24h, especialidades… Lá tinha tudo que tem um grande hospital regional de referência. Todos os municípios a te recorriam e eram acolhidos com misericórdia. Eras assistência e ensino, eras progresso.
Nós éramos parte deste braço acolhedor. Eras a nossa segunda casa. Local de onde a maioria tirava o sustento. Não, não havia a ganância destrutiva, nem briga por poder. Havia o respeito entre pares e colaboração mutua. Comungávamos princípios. O objetivo era o paciente.
Assim evoluímos ano após ano até tirarem o padre.
Este foi o golpe certeiro que a fez ruir. Daí em diante testemunhamos o declínio. Foi aí que tu, te desviastes dos teus objetivos de honestidade e, do bem coletivo. Sofrestes a disputa por poder. Eras o centro da disputa. Triste destino te aguardavas. Triste ironia do destino estava escrito: o padre que te fez crescer e que te deu vigor, o que te fez grande, o que te acolheu no caos de dívidas e provações para te fazer grande, reconhecida e rica, não podia mais te defender. Anunciava-se o atroz destino da decadência.
Há que se fazê-lo eterno em bronze, para memória dos tempos e para a história. Para enfim honrar o segundo Zé. O mais importante da tua vida: o Linhares. Pois que o outro foi o Tupinambá, o teu criador.
A ti devemos este reconhecimento porque inevitavelmente foste e, ainda eis parte da história muitos médicos. Dos Azevedo, Dos Portela, Dos Queiroz, Dos Carvalho, Dos Mont´Alverne, Dos Gurgel, Dos Arcanjo, Dos Pompeu, Dos Frota, dos Guimarães e, de tantos que vieram e ficaram, ou vieram e partiram para outros destinos. Tu, na tua sabedoria os ensinou na convivência princípios de ética e moral.
Hoje quando desfilamos por teus corredores ou adentramos tua intimidade podemos perceber ainda um pouco do suor daqueles que contigo lutaram por décadas. Mas logo vem o sentimento de tristeza pelo que te tornaste. Tu mais parece uma octogenária pedindo socorro, desolada, desmontada, desonrada.
Hoje somos nós que pedimos misericórdia…
Oremos por te Santa Casa.
Artur

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *