SAUDADE NA ACADEMIA SOBRALENSE
Santo Ambrósio de Milão escreveu sobre a morte de seu irmão Sátiro, em 379: “… Não devemos, pois, chorar a morte que é a causa da salvação universal; não devemos fugir à morte que o Filho de Deus não desprezou nem evitou”. Com a graça de Deus, estes tempos estranhos estão passando e a normalidade começa a ser uma esperança maior, mas, todos indistintamente, tivemos a partida de alguém que amamos. A Academia também as teve e guardará sempre a memória, registrando a saudade dos que se foram.
Nosso Confrade Édison Luís Rodrigues de Almeida, faleceu aos 91 anos, em 6 de setembro último. Foi tabelião do Cartório Edson Almeida, 2º Ofício, de Sobral, grande destaque na sociedade sobralense, tendo exercido por uma dezena de vezes a Presidência do Lions Clube Caiçara e a Governadoria do Distrito L-15. Era casado com dona Maria Sônia Cavalcante de Almeida, com quem foi pai de quatro filhos. Integrou a Academia Sobralense de Estudos e Letras – ASEL, na qual ocupou a Cadeira de n° 33, tendo por patrono Capistrano de Abreu. Lembro-me que quando assumi a presidência da ASEL, enviei-lhe carta convidando para participar das sessões da Academia e o nobre Confrade, no alto de seus mais de 80 anos compareceu e fez questão de destacar a importância daquela carta para sua presença. Nunca esqueci disso e por várias vezes tivemos encontros nas reuniões, nas festividades da Academia e era sempre com muita cordialidade que nos cumprimentávamos. Sobral perdeu uma reserva moral e um Lord na acepção da palavra.
Aos 89 anos nos deixou, no último dia 23, o Confrade Francisco Jerônimo Torres, groairense com cidadania honorífica de Sobral. Ex-seminarista do Seminário São José de Sobral, conclui o segundo grau no Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro. Licenciado em Letras pela Faculdade de Filosofia Dom José (1971), na Faculdade de Filosofia de Fortaleza (1982), especializou-se em Tecnologia Educacional. A Academia de Letras era seu destino natural e compôs a Academia Sobralense de Estudos e Letras, ocupando a Cadeira de n° 4, tendo por patrono Adolfo Caminha. Era um dos mais assíduos acadêmicos em minha gestão. Jerônimo Torres era casado com dona Zuíla Mendes Torres, com quem era pai de cinco filhos. Foi revisor de publicações nacionais, como o Jornal do Brasil (1954/1964); revisor e redator auxiliar da revista “O Cruzeiro” (1959 /1964). Atuou no “Correio da Semana” (1957/1958) e iniciou-se no magistério em Groaíras, na Escola Paroquial Pio XII e no Centro Educacional Padre Mororó. Em Sobral lecionou na Faculdade de Filosofia Dom José e no Colégio Estadual Dom José Tupinambá da Frota. Exerceu a função de Secretário de Administração das prefeituras de Sobral e Groaíras; chefiou o gabinete do prefeito de Sobral e a presidência do Frigorífico Industrial de Fortaleza, entre tantas outras. Meu primeiro contato com ele foi na minha candidatura à Academia Sobralense. Telefonei e ele me fez uma pergunta intrigante: “Você já ouviu sua voz?”. Calei-me. Ele disse então: “Ela nos traz paz!”. Paz, na realidade, nos trazia ele com sua presença que agora está na glória de Deus.
Aos dois Confrades que desfrutaram da imortalidade literária e agora conhecem a imortalidade eterna, nossa homenagem, bem como a todos os falecidos que descansem em Paz!