Ir. Carminda Amélia Carvalho Alves, mrcj

Numa sociedade que abre cada vez mais espaços que prometem uma falsa liberdade, a publicidade é, a princípio, vantajosa e estimulante: a tecnologia e as redes sociais enchem cada dia mais os olhos de cobiça… e assim, os indivíduos se submetem ao jugo do poder, às manobras da comunicação líquida, tornando-se presas fáceis do consumismo desenfreado, materialista, egoísta, da falsa felicidade. Escravos das redes sociais e da livre oferta se tornam marionetes no mundo globalizado. Queremos, pois, refletir à luz deste trecho de uma palestra do Servo de Deus Joaquim Arnóbio de Andrade, que nos leva a uma caminhada para conquistar a verdadeira liberdade, como nos diz Jesus: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32). Padre Arnóbio nos aponta uma esperança.

CAMINHAR JUNTOS PARA LIBERTAR
CAMINHAR JUNTOS NA ESPERANÇA
Pe. Joaquim Arnóbio de Andrade

REALIDADE
Uma das grandes preocupações dos homens é a conquista da liberdade. Pode-se até dizer que nunca a humanidade teve tão vivo sentido e desse de libertação. Mas apesar desta ânsia de liberdade, o homem se sente hoje mais escravo que nunca: 1. Escravo da sociedade; 2. Escravo dos grupos; 3. Da moda; 4. Da publicidade; 5. De si próprio; 6. Do egoísmo; 7. Da televisão (das redes sociais*).

A BÍBLIA E A IGREJA DO VATICANO II – o que dizem e pensam a este respeito
Mensagem – o mesmo Deus que criou o homem à sua imagem, semelhança e criou a terra e tudo que nela existe para uso de todos os homens (segundo Gênesis 1,26-31), é o mesmo Deus que na plenitude dos tempos , envia Seu Filho, para que feito homem venha libertar todos os homens de todos as escravidões (ver João 8,32-34). Cristo realmente veio para libertar o homem: 1. Do pecado, mediante Sua morte e ressurreição; 2. Dos falsos princípios, oferecendo-lhes a Sua Lei – Doutrina de vida – Salvação = Libertação.
A liberdade cristã é um dos frutos permanentes da mensagem de Cristo e da efusão do Espírito Santo sobre os que creem (Gálatas 5,1ss). O que não se consegue se não caminharmos santos.
A liberdade cristã como espiritualidade para os nossos tempos deve desenvolver precisamente suas características criadoras e de independência de todo o condicionamento humano (Espiritualidade da Libertação, p. 31). A meta do homem e das sociedades segundo o Evangelho é de criar entre todos uma verdadeira fraternidade que é a imagem do Reino de Deus que já começou (LG p.31, nº 8).
A espiritualidade do cristão comprometido, no caso a Religiosa, o Padre, aé fundamentalmente baseada no caminhar juntos na esperança. A esperança cristã consiste na atitude de crer que, o que atualmente parece difícil ou impossível, a libertação, será mais tarde possível pela força de Deus (Hebreus 1,1 ss). 2 Cor 4, 17: “Não pomos nossos olhos nas coisas visíveis, mas nas invisíveis…”. (Esp. da Lib. p.29,3).

CONDIÇÃO
O direito de pertencer a este Reino de libertação, de justiça, de amor, de paz, não provém do poderio, da força, mas de humildade, de morte para o egoísmo, de um renascimento. Cristo deixou bem claro que para uma verdadeira libertação todos nós precisamos de uma profunda conversão: – “Completou-se o tempo e está próximo o Reino de Deus. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Marcos 1,15).
A força atrativa do Reino é o amor, que além de ser a chave da libertação é também o vínculo da união, faz de diferentes pessoas uma Comunidade, uma fraternidade, um só povo. O amor de Cristo e aos irmãos transforma a Comunidade em autê4ntica expressão do Reino e lhe dá uma força libertadora sem igual em nossos dias.

NOSSA RESPOSTA
Em face às atuais formas de escravidão, nossa resposta é caminharmos juntos na Esperança. “Ninguém tem direito de ser feliz sozinho”. O importante é os homens caminharem juntos, andarem de mãos dadas, unidos, confraternizados em busca de paz.
Os homens não se entendem porque não estendem as mãos e não se abrem para a ternura e a sinceridade do diálogo.
Impõem, quando deveriam aceitar.
Exigem, quando deveriam oferecer,
Condenam, quando deveriam perdoar.
Os homens não percebem que a meta é a mesma, é uma só: fraternidade, caminhar juntos na Esperança, que é luz interior para iluminar no equilíbrio e no silêncio a caminhada dos homens e de Cristo para uma vida nova. (Esp. da Lib. p.29,4).
* Acréscimo nosso.

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