Sobral é referência em Transplante de Córnea

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O Ministério da Saúde descreve o transplante como um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor), por outro órgão ou tecido normal de um doador vivo ou morto.
Em Sobral, no ano de 2009, a Santa Casa de Misericórdia de Sobral iniciou o processo de serviço de captação de órgãos, preparando e mandando para Fortaleza. Só em 2011 que a Santa Casa recebe a autorização através do Diário Oficial da União para a realização de transplantes de córnea. Desde então, passou a ser referência nos serviços de doação e transplantes de órgãos e tecidos. Em 2019, o hospital já conseguiu 15 doações (2 Múltiplos Órgãos e 13 Coração Parado) e realizou 28 transplantes de córneas. Ao todo, de 2011 a 2019, a Santa Casa alcançou 275 doações (82 Múltiplos Órgãos e 192 Coração Parado) e atingiu a marca de 381 transplantes de córnea no hospital. O Município já realizou transplante renal, mas atualmente é feito apenas o transplante de córnea. Já o processo de captação de órgãos continua em funcionamento.
Para o paciente ser um candidato apto ao transplante é necessário que o seu problema principal seja na córnea. As causas para levar a cegueira são muitas. Retinopatia diabética e Glaucoma são exemplos de doenças em que um transplante não iria levar benefícios ao indivíduo por conseqüência do problema ser no nervo ótico ou na retina.

Cirurgia e Recuperação
De acordo com o Médico Oftalmologista, Dr. Ribamar Fernandes Filho, existe diferentes técnicas no processo da cirurgia, dependendo do tipo de doença que a córnea possui. Os Transplantes Penetrantes são aqueles que substituem toda a espessura da córnea, enquanto os Transplantes Lamelares substituem apenas uma fatia da córnea. Em transplante endotélio, o paciente leva de 45 dias a dois meses para ter uma boa visão, em alguns casos recuperando não só parcialmente, mas totalmente. No caso de transplante penetrante o paciente terá uma recuperação um pouco mais tardia, tirando os pontos aos poucos e notando uma melhora de quatro a cinco meses.
“De modo geral, temos uma média em torno de 13% de rejeição ”afirma Dr. Ribamar Fernandes, destacando que isso é um dado individualizado, pois tem pacientes com chances menores que 13% assim como em outros casos a rejeição chega até 90%. Dependendo das condições gerais do paciente, do olho, e qual a doença que o levou a precisar do transplante.
É possível reverter à rejeição quando o paciente comunica ao seu médico no máximo de quatro dias, a córnea permanece a mesma, combatendo a rejeição antes da córnea ser morta. Passando de quinze dias, muitas vezes não tem como reverter, mas o paciente ainda pode entrar na fila de espera para um novo transplante.

Doador
Para ser um doador é ideal que notifique o seu desejo para sua família, para que quando aconteça, todos tenham mais conhecimento do caso. É delicada a situação em aceitar a morte, no entanto, um gesto de empatia e solidariedade pode salvar mais de uma vida. Um par de córneas pode beneficiar até quatro pessoas, pois alguns necessitam apenas da esclera. A abordagem com a família se dar através do Médico, Psicólogo e Assistente Social.
Segundo Dr. Ribamar Fernandes há situações em que a família pede para doar tudo apenas do pescoço para baixo, uma situação que mostra a grande falta de conhecimento por parte da população. Lembrando também que, cada família carrega uma cultura, religião e uma estrutura emocional diferente.
Parte dessa resistência acontece em casos onde o paciente tem morte encefálica, o que resulta na ausência de todas as funções neurológicas, mas com o coração ainda batendo. Cabe a equipe de captação conversar com a família, explicando o quadro.
“Se você pensa em ser doador fale com a sua família, facilita mundo se a família souber que é um desejo seu” fala Dr. Ribamar em forma de conscientização.

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