Sobralense que incentivava jovens a criar histórias em quadrinhos é indicado ao Prêmio Jabuti

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Formado em administração, com especialização em marketing, e um amante nato da literatura, Zé Wellington já lançou três HQ’s (Histórias em Quadrinho). Até então sua terceira obra publicada – Cangaço Overdrive –foi indicada ao prêmio literário mais importante do país

Os jovens na Praça São Francisco em Sobral, ao serem ensinados sobre quadrinhos e incentivados na produção de obras pelo jovem José Wellington Alves Granjeiro Filho, com 20 anos na época, reconheciam o amor propagado pelo mentor, mas será que imaginariam que aquela chama resultaria em uma indicação de uma obra de “Zé Wellington” na 61° edição do Prêmio Jabuti? A obra do sobralense, Cangaço Overdrive, seu terceiro quadrinho publicado, está entre os dez indicados na categoria Histórias em Quadrinhos do prêmio concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) há 60 anos.
Zé Wellington sempre gostou de ler os mais variados gêneros e se diz “um cara apaixonado por contar histórias. Apaixonado por arte e cultura. Um cara curioso. Um prestador de atenção. Um cara apaixonado pelas histórias e por contar histórias”, ressalta. Ele começou a ter contato mais sério com quadrinhos por volta de seus 12 ou 13 anos de idade: “Já lia antes, Turma da Mônica e outros, mas em um determinado momento conheci o universo dos super-heróis e eles me fisgaram, e comecei a ler muitos quadrinhos”.
Na literatura nacional, Machado de Assis é o primeiro autor que abriga seu coração, e muitos outros também como Rubem Fonseca. Fora do país, Stephen King, Alan Moore e Neil Gaiman influenciam sua escrita. Zé Wellington é apaixonado por cinema: “Minhas historias na minha cabeça rodam como um filme, então o cinema é muito importante na minha contação de histórias”, enfatiza lembrando que começou a escrever roteiros para HQ’S pelo fato de ter aprendido a construir roteiros em um curso de audiovisual.

A indicação e a obra
A ideia de se inscrever partiu do próprio Zé Wellington, sua editora – Draco – sempre apoiou, mas possui uma linha editorial voltada a trabalhos de entretenimento. O indicado sabia que não seria fácil, foram mais de 2 mil inscritos, mas Cangaço Overdrive é um trabalho que se propõe ser diferente e quebrar paradigmas: “É um quadrinho que tem cunho político e faz as pessoas pensarem, mas acima de tudo é uma história de ação e aventura. É uma ficção científica, que tem o pé muito fincado nas minhas raízes, e nas raízes de Walter Geovani que fez esse trabalho comigo. É uma história que se passa no futuro, em uma comunidade fictícia aqui do Ceará. Fala de um Nordeste que passa por um momento difícil como as grandes secas já vividas na realidade. Mostra o poder da comunidade, com temas que podem ser reconhecidos atualmente, nos faz repensar o bem e o mal.”, explica.
Zé Wellington já foi premiado com um troféu HQMIX, uma das altas honras na categoria no cenário nacional, mas sobre a indicação ao Jabuti ele lembra: “Eu fiquei muito feliz. Quase não acreditei. Minha família mais próxima, minha esposa e minhas filhas também ficaram. Minha esposa talvez não ficou tão surpreendida. É uma luta de 15 anos que ela conhece”, revela Zé Wellington que já está finalizando seu próximo trabalho que lançará no final do ano. Na primeira fase do Prêmio, Cangaço Overdrive concorre com mais nove Histórias em Quadrinhos, no final deste mês, na segunda fase, conheceremos os cinco finalistas, e apenas no dia 28 de novembro o vencedor.

Outras obras e futuro
A primeira HQ de Zé Wellington (Quem Matou João Ninguém?) foi publicada em 2014 pela editora Draco. No ano seguinte, lançou pela mesma editora, sua segunda obra (Steampunk Ladies: Vingança a Vapor), que lhe rendeu a categoria de Novo Talento Roteirista no Troféu HQMIX. Em 2018, foi lançada Cangaço Overdrive.
Em dezembro, o sobralense lançará Steampunk Ladies: Choque do futuro, continuação de seu segundo quadrinho que se passa na Inglaterra. Ele também está trabalhando na adaptação para quadrinhos de Luzia Homem de Domingos Olímpio, com previsão para o primeiro semestre do ano que vem.
Sobre a expectativa para vencer o prêmio, Zé Wellington confessa: “Eu tenho esperança de estar na lista dos cinco, mas estou muito feliz, para mim já é um indicativo muito legal, se não ganhar agora, espero voltar e completar o caminho até o final. Estou nessa para contar as minhas histórias”, conclui.

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