Ao longo desta semana, celebrando as oitavas da festa do Natal, a Igreja prolonga sua alegria e proclama por sobre os telhados: “Hoje nasceu para nós um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11). Recordamos a alegria receber no seio da humanidade um Deus que caminha com seu povo, é o companheiro de fadigas da gente sofredora, nosso Divino Emanuel.
A festa do Natal nos faz recordar aquilo que o povo de Israel refletia, em um contexto ainda de politeísmo, em que cada nação cultuava seu Deus: “Haverá nação tão grande, cujos deuses estejam tão próximos de si como está de nós o Senhor, nosso Deus, cada vez que o invocamos?” (Dt 4,7).
De fato, o mistério da Encarnação faz-nos perceber o grau de proximidade e de identificação de Deus com o seu povo. O Criador ama a criatura de tal forma e com tamanha intensidade que assumiu a sua natureza. Deus se humanizou! O criador armou sua tenda entre as criaturas e assumiu por completo a natureza humana.
Esse mistério só pode ser compreendido à luz do amor divino, pois Deus quis, livremente, assumir a carne humana para revelar aos homens o seu amor redentor. Portanto, no centro da vida cristã está a graça, a beleza e o encanto desse amor. A humanidade foi visitada, e isso abre para nós a possibilidade de nos divinizarmos, ou seja, de estreitar os laços de comunhão com Deus.
Ele veio até nós para que nós pudéssemos ir até Ele. Diante desse mistério, os Santos Padres exclamavam: “ó admirável intercâmbio!” Isso significa dizer que no natal, no mistério da encarnação os caminhos de Deus se cruzaram com os caminhos do homem, e nunca mais se separaram. Desde então, a humanidade está marcada pela divindade.
Isso nos interpela a sermos, de fato, mais divinos. Mais divinos à medida que nos tornamos mais humanos. Deus se humanizou para que o ser humano aprendesse verdadeiramente a ser humano, pois a verdadeira humanidade é a que se revelou no jeito de ser de Jesus de Nazaré. Ele é o homem perfeito, o ser humano por excelência!
E já que a nossa humanidade ficou definitivamente marcada com a sua divindade, temos a responsabilidade de lutar para sermos como Ele foi. Vivendo como ele viveu, sendo colaboradores do Reino de justiça e paz por ele anunciado. Nessa compreensão, o Natal é um convite a todos os homens de boa vontade. Um convite à humanização, pois quanto mais humanos formos, mais divinos seremos.

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