Como evangelizar, como transmitir a fé cristã em uma sociedade plural com pessoas tão diferentes e culturas tão diversas? Esse questionamento é de fundamental importância para que a Igreja continue a exercer sua missão no mundo. Se outrora buscou-se propagar a religião, transmitir a fé, atualmente fala-se em irradiar a fé cristã.
É algo mais profundo e mais eficiente para a realidade plural do mundo. O termo “irradirar” sugere algo como emitir luz, calor, sem uma preocupação com os resultados. Irradiar a fé pressupõe termos bem presentes no cristianismo de hoje: acolhimento, misericórdia, caridade pastoral, diálogo. São caminhos importantes para que se possa viver a identidade cristã e relacionar-se com as diferenças.
O que a própria Igreja propõe como caminho missionário é que a mensagem do evangelho possa ser irradiada a partir do testemunho dos e de um enriquecimento mútuo dos cristãos e dos outros, acolhendo as diferenças de crenças e culturas. A prioridade não é impor uma doutrina, mas fazer com que outros abracem a causa do Reino de Deus.
Existem em muitos indivíduos valores profundamente evangélicos que, muitas vezes, não são praticados pelos próprios cristãos. Tais valores estão inconscientemente presentes na vida de muitos povos não-cristãos. Sobre isso, já no século II, Santo Irineu de Lião afirmou que as sementes do Verbo estão espalhadas em todos os povos e culturas.
Retomando tal pensamento, o Concílio Vaticano II abriu as portas da Igreja para o diálogo com o mundo. Assim, quem é cristão não deve se fechar em si, achando que está salvo, e isso basta. Estamos em tempos em que a vivência da fé é cada vez mais relacional, sem precisarmos abandonar o que é próprio da vida cristã. O que não deve haver é fechamento, exclusão e egoísmo.
Vejamos a forma como o Papa Francisco tem conduzido a Igreja, apostando no acolhimento e na caridade, destinando a sua mensagem aos cristãos e a todas as pessoas de boa vontade. Isso é irradiar a fé, com palavras simples, com gestos pequenos. E assim a grandeza do evangelho e a beleza do cristianismo vai envolvendo os corações.
Os pensamentos são diversos, as culturas são múltiplas. Isso exige de nós empenho e preparação para evangelizar, dialogar, partilhar experiências. Transmitir a fé cristã pela vivência, pelo testemunho, pela cultura do encontro, sabendo que temos muito o que ensinar e muito o que aprender. É o caminho para irradiar as palavras e gestos que Jesus nos deixou.

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