Um ano depois, não esqueçamos Brumadinho!

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“Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Essas palavras ecoaram na voz de Jesus anunciando a vida digna que todo ser humano precisa ter. Mas como falar de vida, em seu mais amplo significado, quando contemplamos tantos desastres, como o de Brumadinho, há um ano atrás?
O rompimento de três barragens da Vale reduziu tudo a um imenso mar de lama, onde a morte suplantou a vida ceifada. Uma verdadeira matança coletiva da vida humana e da vida ecológica como um todo. O belo e rico estado das Minas Gerais, tão agraciado pelo Criador, chorou a morte de pessoas, animais e do meio ambiente.
Tal acontecimento não foi explicado e nem classificado. Nenhuma explicação foi suficiente para justificar. Aquilo que foi legado ao homem gratuitamente em forma de vida plena e que deveria ser perpetuado às futuras gerações foi destruído em pouco tempo pela ação criminosa e ambiciosa de empresas mineradoras. Por trás de tudo isso prevalece o grande pecado da omissão humana.
As consequências puderam ser vistas nas impactantes imagens que se espalharam nas mídias sociais: o resgate desesperado de pessoas enlameadas, helicópteros carregando corpos e famílias em busca de familiares desaparecidos. Um ano depois, os sobreviventes ainda travam uma árdua tentativa de começar de novo, renascer da lama. Perderam parentes e amigos, mas não perderam a fé, a esperança e a dignidade.
Da mesma forma, os ribeirinhos que dependiam da pesca, os povos indígenas que hoje questionam a ganância do homem branco. Ganância essa que fez com que, em apenas um século, o meio ambiente fosse mais destruído do que por nossos antepassados em milhões de anos. O progresso, o desenvolvimento científico e as grandes inovações da humanidade também geram muita destruição.
A Campanha da Fraternidade de 2011 veio refletir sobre a forma como os homens cuidam da vida no planeta. “A Criação geme como que em dores de parto” foi o lema. A Criação padece e sofre pela destruição, geme em dores terríveis de agonia pelo que aconteceu em Brumadinho. A única espécie racional é incapaz de cuidar de seu próprio hábitat e parece não pensar nas consequências de suas falhas.
Portanto, é impossível dar continuidade à deplorável ganância de uma economia que cresce à custa da destruição da natureza e da vida humana. Tendo passado um ano da tragédia, a mídia já não relembra do fato, muito menos os empresários das mineradoras.
Mas as vítimas sobreviventes dificilmente esquecerão daquilo que perderam em prejuízos irreparáveis. Não esqueçamos Brumadinho! Que a Justiça seja sábia e minuciosa na apuração das causas e culpados e que não tornemos a ver outros desastres como esse.

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