Um sonho duplamente franciscano
Mais uma vez, em consonância com Francisco de Assis, o nosso santo Padre, o Francisco de Roma, lançará uma encíclica baseada em um ensinamento franciscano. Intitulada de Fratelli tutti (Todos irmãos), o documento trata da fraternidade humana e da amizade social. O tema é pertinente e atual, pois o mundo está submetido a uma situação comum, na qual todos são chamados a serem irmãos na dor.
Desse modo, enquanto sofremos uma pandemia que coloca tantos povos em dificuldade, é mais do que salutar resgatar o Santo que viu a fraternidade em cada criatura de Deus e a transformou em um canto, tão antigo e novo, o Cântico das Criaturas, que inclusive já inspirou o Papa Francisco na encíclica Laudato si (2015). De fato, o papa tem assumido os ideais franciscanos em seu magistério.
Desta vez, o sonho da fraternidade universal, sonhado por Francisco de Assis e pelo Francisco de Roma, é resgatado a fim de que haja uma irmandade verdadeira e concreta entre os povos, transformada em ações efetivas. Uma fraternidade que deve ser exercida com o próximo que está do nosso lado e com o próximo que se encontra distante, em outros países, mas que necessita de ajuda.
Portanto, o Papa Francisco nos interpela a exercer uma amizade social no dia-a-dia, e interpela também os governantes, os chefes das nações a dialogaram e ajudarem seus povos com ajudas mútuas. A fraternidade deve brotar da fé em Deus, que é Pai de todos e Pai da paz e deve ser realizada em grandes e pequenos gestos de solidariedade.
Também vale salientar a questão da unidade entre os povos, das nações que há tantos anos vivem conflitos desastrosos e também da urgência de se promover a unidade entre as religiões e dentro da própria Igreja Católica. São questões que passam pela conscientização de que todos somos irmãos. Irmãos na prosperidade, irmãos na dor e na carência.
Não há tempo de divisão de grupos, povos ou religiões, mas há uma constante necessidade de promover a solidariedade universal ou mesmo a fraternidade cósmica de Francisco de Assis, que chamava até o Sol e a Lua de irmãos. “Todos irmãos” é o apelo e a convocação do sucessor de Pedro, que assinará a nova encíclica no dia 03 de outubro, na Basílica de Assis.
É, portanto, um exercício constante que deve ser assumido por cada cristão: sob a paternidade de Deus, a irmandade dos homens. Eis um sonho duplamente franciscano! Não uma utopia, mas sim um sonho realizável, que precisa da colaboração de cada um para curar as feridas da humanidade.