O amor para com os pobres
Assim como na primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco (Evangelii Gaudium), ficou claro o seu desejo de uma Igreja pobre e para os pobres, também na primeira Exortação Apostólica do Papa Leão XIV, ficou explícito o serviço aos pobres como critério de fidelidade ao Evangelho e, consequentemente, como critério de salvação.
O Papa Francisco já testemunhava, em suas palavras e gestos, que a opção pelos pobres é uma categoria teológica, e não cultural, sociológica, política ou filosófica. Isso quer dizer que a opção da Igreja pelos pobres decorre da opção preferencial de Deus pelos pobres. Assim, o Papa Leão publicou, no último dia 04 de outubro, a Exortação Apostólica Dilexit Te (Eu te amei) – Sobre o amor para com os pobres.
O objetivo do Santo Padre é ajudar a Igreja a perceber a “forte ligação existente entre o amor de Cristo e o seu chamamento a tornar-nos próximos dos pobres” (DT 3). De fato, não existe cristianismo autêntico sem um amor aos pobres, não no sentido de serviço social, mas no sentido de entender que “todo o caminho da nossa redenção está assinalado pelos pobres” (DT 17).
Nesse sentido, o Santo Padre traz uma forte fundamentação bíblica sobre essa predileção de Deus pelos pobres. Em numerosas páginas do Antigo Testamento, “Deus é apresentado como amigo e libertador dos pobres, Aquele que escuta o grito dos pobres e intervém para o libertar” (DT 16). E “toda a história do Antigo Testamento sobre a predileção de Deus pelos pobres e o desejo divino de ouvir o seu clamor encontra em Jesus de Nazaré sua plena realização” (DT 18).
Jesus, o Verbo de Deus Encarnado, “apresenta-se ao mundo não só como messias pobre, mas também como messias para os pobres” (DT 19). A eles, em primeiro lugar, o Filho de Deus dirige a Boa-Nova da vida e da libertação. Isso exige da Igreja, como sacramento de salvação para o mundo, uma decidida e radical opção pelos pobres, seguindo o exemplo do Mestre de Nazaré.
Vale destacar um aspecto importante: quando o Magistério Eclesial fala de opção pelos pobres, não se trata de “opção”, no sentido de que se poderia não optar. Trata-se de uma exigência que brota da revelação de Deus, de uma condição de fidelidade a Deus e de um critério de salvação ou de condenação. Foi Jesus quem afirmou: “tudo o que fizestes ao menor de meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40).
Atenta a esta Palavra, “desde os tempos apostólicos, a Igreja viu na libertação dos oprimidos um sinal do Reino de Deus” (DT 59). Portanto, ainda hoje, se a Igreja “deseja ser de Cristo, deve ser Igreja das Bem-aventuranças, Igreja que dá vez aos pequeninos e caminha pobre com os pobres, lugar onde os pobres têm um espaço privilegiado” (DT 21).
A partir destes aspectos e de tantos outros que valeriam destaque, vê-se que o papa presenteou a Igreja com este documento, que retoma a dimensão social da evangelização. Àqueles que ridicularizam o exercício da caridade, como se fosse uma fixação de alguns grupos da Igreja, Leão XIV deixa um recado importante: “É preciso ler novamente o Evangelho”! Quem não entendeu o amor aos pobres como parte essencial da vida cristã, ainda não entendeu o Evangelho de Jesus Cristo!

