86 novos casos de tuberculose já foram registrados em Sobral neste ano

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Pessoas com baixa vulnerabilidade social são as que mais adoecem com a enfermidade. Exames de confirmação da doença e resistência ao tratamento são realizados no município

Já chega a 86, o número dos novos casos de tuberculose registrados em Sobral desde o início do ano. Sendo uma doença de notificação compulsória, infecciosa e transmissível, pode se propagar por meio do ar, por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos (bacilos de Koch) por uma pessoa doente ao tossir, espirrar ou falar em voz alta.
A doença atinge com mais facilidade pessoas que possuem condições sociais desfavorecidas: alcoólatras, pessoas em situação de rua, usuários de droga, profissionais do sexo, pessoas com renda inferior a R$85,00, etc. De acordo com a gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica de Sobral, Sandra Maria Carneiro Flôr, o município possui uma ficha que identifica vulnerabilidades, e quando o paciente é diagnosticado com a doença, a gerência é informada, e começa a serem pensadas maneiras de não haver abandono do tratamento.
Exames e resistência
Segundo Sandra Flôr, antes na cidade, muitos pacientes iniciavam o tratamento para tuberculose e continuavam doentes, sem se saber ao certo o porquê; no entanto já começavam o tratamento resistentes à droga do esquema básico. Hoje, Sobral possui um dos exames mais sofisticados em nível nacional, que é o teste rápido molecular: “É um teste que diz se que a pessoa tem a doença, e ainda diz se é sensível ou resistente a principal droga do esquema básico que é a rifampicina. Se o paciente for resistente à droga, o tratamento dele é diferente do esquema básico. Não vai para um posto de saúde, e sim para um centro de referência, aqui em Sobral no Centro de Infectologia. Com isso o paciente ganha, porque diminui o risco de morte e aumenta a qualidade de vida”, ressalta.

BCG: Tuberculose e Hanseníase
A BCG está no calendário da criança, “uma vacina que ela toma ao nascer que previne entre outras doenças a tuberculose”, enfatiza Sandra Flôr. Para os recém-nascidos está implantada em todas as maternidades de Sobral: Santa Casa, Hospital Dr. Estevão e no Hospital Regional Norte. Caso a criança nasça em casa, é encaminhada para o posto de saúde para ser aplicada, mas são poucos os casos devido ao baixo número de partos domiciliares realizados no município.
A vacinação por meio da BCG gera uma cicatriz, geralmente no braço direito. “Existe uma nota técnica sobre a vacina: quando uma criança é vacinada, a mãe espera um tempo para surgir a cicatriz, que é um sinal que a vacina foi feita de forma eficaz e que a criança está reagindo bem. Entretanto, existem crianças que não aparecem. Antes o ministério recomendava a revacinação da criança. Hoje não, já saiu uma nota técnica que diz que uma vez a criança vacinada, se não aparecer a cicatriz, não precisa mais revacinar, já é considerada vacinada”, ressalta Sandra.
É importante lembrar que a BCG é uma vacina também utilizada para os contatos de hanseníase, porque ela previne as formas mais graves da doença, que se apresenta nas formas paucibacilar e multibacilar. A forma multibacilar é quando a pessoa tem vários bacilos e transmite a doença se não estiver tratando. As pessoas não podem tomar a vacina de forma indiscriminada, antes de tomar, enquanto contato de hanseníase, tem que ser examinada por um profissional de saúde. Esse exame de contato é de cabeça, corpo e membro: chamado de dermato-neurológico, que observa todas as partes do corpo da pessoa.
Para os contatos de hanseníase, existe uma regra, “se eu sou contato e tenho uma cicatriz vacinal, tenho que tomar outra BCG para ficar com duas cicatrizes. Se eu já tenho duas não tomo nenhuma”, lembra a gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica de Sobral, que revela 41 novos casos da doença neste ano em Sobral.

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