A autêntica política e a promoção da vida

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Em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – Sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, o Papa Francisco afirma que a política “é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (n. 205). Essa preciosa forma de caridade, que busca o bem comum, não deve ser deturpada e nem muito menos ser desvirtuada de sua missão.
A afirmação do Sumo Pontífice, em profunda comunhão com a Doutrina Social da Igreja, nos relembra que a política autêntica é instrumento de promoção do bem comum, da justiça social, de meios de subsistência para os menos favorecidos, do diálogo e da paz entre os povos.
É necessário fazer essa memória em tempos de tantos desafios enfrentados pela política mundial. Se a política é utilizada como meio de promoção da morte, em vez da vida, ela está totalmente desintegrada de um projeto social, cultural e popular que visa melhorar a vida das pessoas. Se as autoridades políticas, se utilizam do poder para tramar morte e violência, elas já estão longe dos caminhos da paz, do bem e da justiça.
Neste sentido, a Igreja exorta seus filhos a cultivarem uma consciência social, política e histórica. Muitos são os sinais dos tempos que interpelam a fé cristã. Precisamos ler a história iluminados pela mensagem revelada nas Sagradas Escrituras, sobretudo a partir do que Jesus fez e falou. Jesus inaugura um novo paradigma de autoridade, não mais baseado no domínio das consciências e nem na opressão, mas a partir do serviço e da caridade (Cf. Mc 10,42-45).
Olhando para Jesus, e lendo a Boa-Nova por Ele anunciada, podemos refletir sobre tantas formas de política contrárias aos valores do Reino de Deus. O Mestre de Nazaré orientou os discípulos a “buscarem em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça” (Mt 6,33). Sobre sua missão neste mundo, disse: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Diante da atitude violenta de Pedro, determinou: “Guarda a tua espada na bainha” (Jo 18,11).
Discursos de ódio, apologia ao armamentismo, pensamentos intolerantes e a busca pela perpetuação do poder a qualquer custo não correspondem à política autêntica e necessária para a construção de um mundo novo. As autoridades verdadeiramente dotadas da vocação política devem traçar estratégias bem planejadas para o desenvolvimento integral do ser humano e para resguardar o Estado Democrático de Direito.
O Santo Padre ensina que “a violência não encontra fundamento algum nas convicções religiosas fundamentais, mas nas suas deformações” (EG, n. 282). O amor a Deus e ao próximo continuam sendo os mandamentos essenciais de Jesus, que devem iluminar a política. E assim, com profetismo e esperança, a Igreja pode ajudar a sociedade atual a construir a tão almejada civilização do amor.

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