A BALANÇA ECOLÓGICA E O RIO ACARAÚ
Nos dias que ocorrem, é quase uma heresia questionar o senso comum sobre a ecologia. Emissora de rádio e televisão, revistas e jornais, todos empenhados em campanhas patrocinadas por instituições, inclusive estrangeiras, congressos, simpósios e outros encontros, reunidos políticos, ONGs, administradores, atores, cantores, preocupados com o desmatamento e poluição ambiental.
Como se sabe, foi criado um órgão nacional com atribuição especificamente voltado à preservação, que fiscaliza projetos, realiza apreensões cobrando altas multas dos agressores da natureza. Aliados a isso, há fatores socioeconômicos envolvendo índios e garimpeiros, além de manifesto interesse internacionais, com sérias implicações ligadas à nossa soberania.
Diante do cenário nacional e mundial tão grave e conturbado, de pressões crescentes de grupos estrangeiros contra países em desenvolvimento: pressões politica e diplomáticas, socioculturais, tecnológicas, militares, principalmente nos diz respeito à Amazônia brasileira, que aos poucos se ver cercada pela configuração de uma espécie de cordão sanitário.
Em face desse quadro mal pintado, que é nossa preservação da natureza, parece-nos que os ecologistas e suas leis, só subjugam e ultrajam o humilde trabalhador, que utiliza o meio ambiente em que vive, dele retirando o mínimo necessário à sua sobrevivência.
Enquanto, as empresas inescrupulosas podem derrubar desdobrar e exportar desenfreadamente a nossa madeira, sem num risco de serem taxados de predadores porque pagam precariamente os impostos e as taxas para reflorestamento, que já mais é efetivado. Como um exemplo, temos os aumentos das queimadas. Então, gargalham bem altos e lançam os gritos obsessivos: Somos capitalistas e mais fortes do que existe na Natureza.
Na realidade, a questão ecológica brasileira tornou-se, hoje, uma questão de sobrevivência. Segundo os especialistas é difícil imaginar, como os nossos rios e córregos tornaram-se esgotos, nossas florestas e faunas estão sendo dizimadas.
Não resta dúvida de que os fatos absurdos, que diariamente povoam contra a natureza demonstram muito bem, que a causa dos problemas da ecologia brasileira, está no modelo organizacional. E aí, entra, os nossos rios. Veja a situação do Rio Uruguai e seu manifesto: “Levantem os olhos sobre o que está acontecendo á nossa volta, para que amanhã não sejamos acusados de omissão se o homem, num futuro próximo, solitário e nostálgico de poesias, encontrar-se sentado no meio do parque forrado com grama plástica, ouvindo cantar um sábia eletrônico, pousado no galho de uma árvore de cimento armado.”
Como sabemos atualmente o Rio Uruguai está totalmente abandonado, sofrendo todas as espécies de agressões. No âmbito dos países americanos, o Brasil desponta como um dos principais agressores dos seus rios.
Tomemos, por exemplo, outro rio. O Rio Acaraú, ele está pedindo socorro! A poluição das suas águas é tão visível, que a população sobralense, surpreende-se com a quantidade de lixos. Enfim, o desaparecimento completo do Rio Acaraú é uma catástrofe moral da política coronelista nordestina.
O Rio Acaraú, está morrendo! De logo, aqui, vai um pequeno trecho do meu manifesto: “O Rio Acaraú, sem qualquer arrogância, pede passagem aos lixos que se encontram ao seu redor, para conquistar o seu espaço, gerar cacimbas de outrora de águas puras para saciar a sede da população mais pobre da cidade, o que identifica, de imediato, sua característica de solidariedade”.
E nessa cruzada de obstáculos, o Rio Acaraú enfrenta os discursos ecologistas da política de matriz coronelista, em que, nenhum momento questiona o modelo ecológico, em defesa do Rio. Ora, isso está ligado a um mercado capitalista consumista e perverso.
Como se sabe, esse sistema político tem personalidade bastante diversa, do Rio Acaraú. São políticos coronelistas, que desconhecem qualquer iniciativa de defesa ecológica. Eles não sabem o que estamos perdendo. Pode ser algo simples quanto uma linda flor, emoldurando uma água limpa, ou algo quanto um homem reprimido na sua profunda angústia quando contempla o mal que causou a natureza e sua cidade.
Enfim, o que é pior: está desaparecendo aquele Rio das piabas. Um rio, que em seu silêncio, por diversas vezes, foi obrigado a negociar com a imoralidade política, a construção do seu trajeto, para atingir seu caminho; mas sem glória, deixando como legado uma história que todos buscarão esquecer, embora que, por muito tempo, ficará registrada, com muita dor, nos corações e mentes daqueles que foram castigados direta, ou indiretamente, pelos predadores.
Jornalista, Historiador e Crítico Literário.