“Olha lá no alto do horto, ele tá vivo, Padre não tá morto! Viva meu Padim, viva meu Padim Ciço Romão”, creio que estas palavras de Luiz Gonzaga, estão gravadas no coração de todo romeiro do Pe. Cícero Romão Batista. No dia 20, próximo sábado, celebra-se 85 anos do retorno do Pe. Cícero à Casa do Pai. Fora uma vida de santidade, em favor dos pobres e necessitados, de obediência às determinações da Igreja e resignação. Havia, também, as pessoas importantes que o admiravam e que beneficiavam suas ações. Houve a política, a incompreensão, mas, acima de tudo, havia uma alma sacerdotal que amava a Deus e ao próximo.
É interessante que as duas pessoas que mais me influenciaram intelectualmente, tinham pensamentos diferentes sobre o Padre Cícero. Uma fora aluno do mesmo Seminário que ele, recebeu a Ordem Sacerdotal e seguiu as orientações da Igreja de então. A outra, fora alma livre. Amante da literatura, da liberdade, mulher sábia e conheceu o Pe. Cícero. O chamava de meu Padrinho e sempre o defendeu: Rachel de Queiroz. Rachel escreveu uma bela página na revista “O Cruzeiro” quando ocorreu o centenário do religioso, depois transcrita em “Cem Crônicas Escolhidas” e abordou em várias ocasiões a visita que fizera ao Santo de Juazeiro e este, querendo oferecer-lhe um regalo, pergunta à mocinha: “Minha filha, o que você quer levar de Juazeiro?”. Ela respondeu: “Um punhal, meu Padrinho, desses com cabo de ouro que só aqui em Juazeiro sabem fazer”. Quando ela estava saindo de Juazeiro, um mensageiro veio com um pacote e entregou-lhe dizendo que tinha sido o Padre Cícero que lhe mandara. Ela abriu ansiosa e encontrou um crucifixo e indagou ao mensageiro se ele não tinha mandado um punhal que era o que ela havia pedido. Ele respondeu: “Meu Padim mandou dizer que o crucifixo é o punhal do sacerdote”.
Durante algum tempo eu não acreditei na santidade do Padre Cícero e o digo publicamente como modo de remissão. Minha amada madrinha Rachel que tinha dificuldade em crer, defendia a santidade de Cícero Romão, dizia que no dia que eu fosse a Juazeiro eu mudaria de ideia. E foi naquela cidade que ele fundou que conheci o santo de Juazeiro e aprendi a admirá-lo.
Nesta proximidade dos 85 anos de seu falecimento, concluí uma leitura muito agradável, informativa e amparada em fontes primárias sobre o Pe. Cícero. “Padre Cícero: Santo dos Pobres, Santo da Igreja”, de Ir. Annette Dumoulin, Edições Paulinas, 2017. Com Prefácio de Dom Fernando Panico, o bispo que lutou pela reconciliação da Igreja com o Padre e Posfácio do sucessor da obra de Dom Fernando, Dom Gilberto Pastana, o livro é divido em três partes. A primeira, o Padre Cícero do ponto de vista da autora, religiosa, doutora em Ciências da Educação, nascida na Bélgica que um dia chegou a Recife, encontrou com outro santo, Dom Helder, que lhe indicara ir a Juazeiro e ali ela se encontrou com o santo Cícero Romão e sua legião de romeiros. Na segunda parte, o Padre Cícero por ele mesmo e na última, Padre Cícero no ponto de vista do Papa Francisco. Recomendo a leitura. O livro é uma joia para os que cremos na santidade do Padre Cícero e torcemos para que as injustiças a ele cometidas sejam revistas e seu nome seja inscrito no rol dos heróis da cristandade: os santos católicos.

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