José Gerardo Mendes: 50 anos de contribuição e compromisso com a história do Correio da Semana
Ele começou a trabalhar como encadernador em 1940, e atualmente ainda presta serviços para seis cartórios da cidade de Sobral
Aos 94 anos de idade, duas vezes no ano, José Gerardo Mendes, ainda realiza um serviço que começou há 50 anos atrás: encaderna as edições do Jornal Correio da Semana, ajudando a preservar a história do jornal impresso em circulação mais antigo do estado do Ceará. Sua presença é certa na redação do jornal nos meses de janeiro e julho, onde busca as edições de cada semestre do ano e as leva para realizar seu ofício; voltando com uma encadernação caprichada para fazer parte de um dos arquivos mais importantes do país.
O começo de sua profissão, se deu quando um padre (Pe. Edson) se dirigiu até a “Comercial Gráfica”, comandada por Luiz Santos de Aquino, em busca de alguém que encadernasse um manual que estava aberto, recomendado pelo patrão, Gerardo, que trabalhou no local por 22 anos, começou a encadernar livros para dentro da tipografia, dentre eles, livros da diocese de casamentos e batizados, chegando às edições do jornal semanário.
Gerardo lembra de quando começou a buscar os jornais para encadernar as edições, quando a sede do ‘Correio da Semana’ ainda era onde hoje é o Museu Diocesano Dom José: “Próximo à Praça São João, a sede era lá. Era tudo manual, puxada à mão. E hoje, sou bastante satisfeito; meu maior prazer é no dia que eu venho e pego esse jornal para fazer isso”, enfatiza o encadernador.
O Processo
Gerardo Mendes presta seus serviços para seis cartórios da cidade de Sobral. Depois de pegar as edições de cada semestre do jornal, Gerardo se dirige até a tipografia Lux de ‘Ribamar Coelho’ (in memoriam), hoje de propriedade de um dos filhos de Ribamar, para cortar as páginas do jornal: “Quem toma de conta é o filho atualmente, mas parece que é o pai: ‘Pode entrar a casa é sua’, ele sempre diz”, lembra ele.
Depois de cortadas as páginas, ele se dirige à sua residência, próxima a Igreja Nossa Senhora das Dores, onde realiza a maior parte do processo: “Em casa, tem uma parte na cozinha, que eu reservei para mim. Vou costurando página por página. Hoje em dia faço só a brochura camaleão chamada, é por cima mesmo do livro, eu rebato, depois perfuro com o besouro e costuro”, explica ele.
Questionado sobre como se sente contribuindo para a preservação, e ser parte da história do Jornal Correio da Semana, ele afirma: “São 50 anos realizando esse serviço, espero que todos sejam felizes e satisfeitos com o meu trabalho”.