A ESCOLA E O LIVRO INFANTIL
Um fato, hoje, está na consciência de todos como da maior relevância: a importância o livro infantil, na Educação Infantil. Vivemos um período de transição, em que começa a tomar corpo à sociedade pós-capitalista com sua nova economia, a economia do conhecimento, atropelada, fustigada pela tecnologia e da informação. A educação infantil brasileira e o livro da literatura infantil passam a serem umas das verdadeiras riquezas do Brasil.
Portanto o contato das crianças com o universo literário no período inaugural da alfabetização traz benefícios preciosos. Mas que, em um país onde as oportunidades de acesso à produção artística são desiguais, o alento pode ser a mediação do professor, para tanto, é fundamental a presença de livros e de profissionais com os compromissos de práticas transformadoras de leituras que formem crianças críticas e atuantes.
Segundo os especialistas, dentre as muitas propostas pedagógicas para o ensino fundamental, a iniciação a partir da leitura infantil está entre as mais significativas, sobretudo quando associada à socialização da criança, que é levado a ver o livro como vinculado à vida de todo dia e, ao mesmo tempo, a entender o mundo por meio dele.
O mundo da realidade literária, em que a palavra vem revestida de fantasia, de alimentos para o sonho, de vitalidade lúdica, de componentes questionadores e críticos, de modos inéditos de apresentar a realidade, são dotados de uma força comunicativa mais potente. Quando se abre a possibilidade de o leitor infantil se familiarizar com as surpresas reservadas pela linguagem literária.
Os livros de literatura infantil mostram que sempre se deram conta da presença escolar. Se a escola se ocupou deles, eles também se ocupam da escola. A vida escolar é o ambiente no qual se move um grande número de personagens, geralmente criança em busca de sua identificação com o leitor infantil.
Isso acontece nas referências dos eventos sobre a escola, no Ateneu, de Raul Pompéia, que reinou sozinho na história literária brasileira. Mas quando se chega ao fim de uma sociedade tão conturbada como a de Raul Pompéia, tem-se de meditar, de pensar a condição humana. É o tempo de questionar o que se vê nas regiões áridas do Nordeste, a literatura infantil, também, pulula as representações no espaço educacional, para o leitor infantil. Ou seja, que se podem encontrar títulos de escritores de diferentes gerações, que retratam seus heróis, uma boa parte do tempo narrativo, dentro dos muros escolares entre eles Cazuza, de Viriato Correia.
O escritor Viriato Correia, publicou Cazuza em um momento bastante diferente, nos anos 30, de acordo com as ideias de progresso e modernização do País, com o deslocamento de população do interior para capital, no rastro da industrialização. Com a aprendizagem da vida de um menino, Cazuza a partir de sua entrada na escola.
Como, então, se podem acender duas lâmpadas ao mesmo tempo? Daí o valor do livro Cazuza, porque o autor narras às amargas experiências escolares. Usa-se o nome do ambiente escolar. Como se sabe, o trajeto da população do país que se movimenta, frequenta três ambientes escolares; do povoado passa para a Vila e depois para a cidade.
Mas o tempo foi passando, e os fatos foram falando por si só. Naquela vontade de mostrar a literatura infantil. As expressivas obras de autores como Monteiro Lobato, Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Maria Clara Machado, Maria Heloísa e de tantos outros, como o contemporâneo Ziraldo reflete um país, com um sistema educacional em transformação, situa sua professora maluquinha, resposta adulta ao seu infantil de maior sucesso, menino maluquinho, numa cidade do interior em meado da década de 40, provavelmente criando um paralelo com a sua própria experiência de estudante.
No entanto, toda a construção da personagem é definida pela ilustração, através do desenho e do grafismo da época. A professora é extremamente moderna para cidade pequena e conservadora. Abomina a reprovação e suas aulas são um jogo permanente a provocar a participação curiosa e ativa do aluno. Esconde prêmios e dentro da sala, Ganha no quadro revela onde está escondida a maçã. Mas todo aluno merece um prêmio. Um grande exemplo, para a sociedade atual.
Ha razões históricas para que essa literatura infantil se manifeste, compobdo esse universo literário infantil em que se vive e em que é vivido, sobretudo, no Ceará. Cuida-se de livros infantis cearenses, direcionados ao público infantil, com histórias, nas quais desfilam personagens fascinantes, desde as lendas, meninos travessos, alunos criativos, um bom velhinho, animais inspiradores, na melhor tradição, como o tatu, o macaco, a onça, entre outros. Aqui, entre muitos citarei: a chácara do Tio Bim, de Fabiana Guimarães, com ilustração de Klauber Rocha; Palavra da Mãe de Tâmara Bezerra, com ilustração de Meg Banhos; Lagarto de Fogo que Amava Bombeiro, de Rita de Cassia Magalhães.
Vale, portanto, dizer: quando pensamos que, em cada canto deste País, há um escritor da literatura infantil como os cearenses que, por meio deles, há também, os professores que contam suas experiências em uma escola pública, na cidade de Massapê, social e humanamente bem sucedida devido à ação harmoniosa de alfabetização e letramento, escola e livro infantil. Como disse a professora Antônia Rosália Lopes, é no livro infantil, que adquirimos nossas habilidades, competência, atitudes e valores que levamos por toda vida.
Portanto, vários autores ilustradores da literatura infantil brasileiros, principalmente os cearenses têm apontado um caminho pela linguagem literária, uma consciência que se expande no convívio com o novo que responde de maneira criativa e própria, contra o avesso da indústria cultural.
Por fim, dizem que a escola e seu espaço pedagógico e curricular carecem de um estudo mais acurado; isto é, possa haver ainda, um desenvolvimento literário infantil, que não se interrompa em um ponto, que a escola representada nos livros infantis, mova-se para uma gradativa mudança na conquista de uma sociedade mais humana.
(Uma homenagem o dia do professor brasileiro e cearense, em especial aos da infância, de Massapê). “Que o livro infantil acorda os sentidos provoca leituras verbais e visuais, desperte compreensão e interpretação rica de significados com o mundo e como ser humano”.
Jornalista, Historiador e Crítico Literário.