A Igreja e a educação integral
“A educação é um ato de amor e esperança no ser humano”. Essa frase retirada do texto-base da Campanha da Fraternidade (CF) 2022, produzido pela CNBB, aponta-nos para o caráter humanizador da educação, defendido pela Igreja nesta Campanha. Em uma sociedade, muitas vezes violenta e injusta, surge a necessidade de uma educação que deposite amor e esperança no ser humano.
Desse modo, o princípio de uma educação integral diz respeito ao valor da pessoa, orientando-a no caminho de uma vida transformada. Da mesma forma que a fé da Igreja apregoa uma salvação integral do homem, que atinge a pessoa no seu todo, em todas as suas dimensões na concretude da história, a educação também deve assumir esse papel de formar o homem todo.
Isso supera o fato de que muitas vezes o ensino é oferecido com meros objetivos utilitários. Nesse sentido, o diagnóstico que se faz é que o sistema de ensino muitas vezes objetiva apenas transformar o aluno em alguém útil para o mercado de trabalho. Não é uma formação voltada para o desenvolvimento de potencialidades, amadurecimento de relações e para ações concretas de transformação.
É por isso que, nesta CF, a Igreja reflete sobre a educação e sobre o currículo do nosso tempo. “Não devemos percebê-lo como algo que deve ser transformado somente em conteúdo escolar, provas e testes, mas em um conteúdo de vida” (Texto-base). Esse conteúdo da vida inclui a cidadania, as relações sociais, o trabalho pela justiça e pela paz.
Assim, a educação não deve ser entendida como um ato isolado do ambiente escolar, mas é tarefa e missão da família, da Igreja, das organizações sociais, da própria pessoa. A educação integral abarca a integralidade da pessoa e a integralidade da sociedade, trazendo questões econômicas, sociais, culturais e religiosas. A escola deve ser um ambiente de abertura e de integração entre as várias esferas da sociedade.
Além disso, a educação integral enriquece o horizonte existencial das pessoas e desenvolve sua capacidade criativa. São diversos os meios que elevam o espírito humano, como as artes, a literatura, o teatro, a música, a dança, as diversas expressões da cultura de cada lugar. Desprezar esses meios e sua linguagem, na educação, é o mesmo que desprezar as capacidades humanas em seus diversos potenciais.
Portanto, a Igreja deseja promover e apoiar uma educação humanizadora, que forme o ser humano em todas as suas dimensões e inserido em sua realidade social. Isso se faz com práticas pedagógicas que coloquem a pessoa no centro das relações, acolhendo as necessidades de todas as crianças, jovens e adultos, apontando-lhes orientações de vida, de fraternidade, de empatia e de solidariedade.