Automedicação interessa ao mercado

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Tomar remédio por conta própria é uma prática bem comum e arraigada no Brasil. Mas é preciso ter em mente que a automedicação é um ato de irresponsabilidade construído coletivamente entre sociedade, interesses financeiro da indústria e do comércio do ramo farmacêutico. Além do mais, a falta de escrúpulo e de ética dos meios midiáticos favorecem muito este consumo. Rádio, jornal e TV anunciam em elaboradas peças publicitárias os benefícios de vários medicamentos. Do analgésico aos medicamentos para emagrecimento são ofertados escancaradamente de forma persuasiva.
A prática vem de longas datas. Os lendários almanaques estampavam propaganda de Melhoral, Cibazol, Cibalena, Água Inglesa, Biotônico Fontora. A citação desses produtos é só para reforçar a informação de que o uso inadequado de remédio em nossa sociedade é bem enraizada. Com a sofisticação dos meios eletrônicos, os comerciais ofertam este tipo produto cada vez mais. Enquanto os profissionais de saúde advertem sobre o perigo do consumo de remédio sem um diagnóstico profissional, os anúncios se multiplicam nos meios de comunicação.
Mas afinal, o que faz a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – diante deste caótico mercado persa de produtos farmacêuticos? Que eu saiba esta autarquia é uma agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde. Então se a Anvisa não impõe parâmetros para fabricação, venda e consumo de remédio, está na hora de implementar outras medidas. Pelo que percebemos, na seara industrial se inventa a necessidade e a publicidade se compromete a persuadir o consumidor. Pela natureza do produto, as autoridades deveriam estar mais atentas.
Penso que um órgão que se compromete a regular o mercado farmacêutico não deveria facilitar a compra de remédio livremente, seja por modo presencial ou por meio virtual. Hoje se comercializa, no maior descaramento, produtos como anabolizantes, silicones industriais, pesticidas, estimulante sexual. As pessoas de qualquer classe social ao sentir um desconforto digestivo, uma dor de cabeça, ou ser acometido por uma tosse persistente, recorrem logo as farmácias e compram tudo que acharem conveniente para cada caso específico
A publicidade é tão escancarada na televisão, que quando se anuncia um produto que não pode ser consumido por pessoas com algumas restrições a substâncias específicas, a frase de advertência é exibida de forma quase inaudível pela rapidez da gravação. Um exemplo bem recorrente são os produtos com paracetamol ou dipirona. No final da propaganda é dita a frase: “Este produto é contraindicado para os casos de suspeitas de dengue”. A pressa é para confundir, e para boa parte dos telespectadores não captar a mensagem e comprar mesmo. E acabou.
Formular diagnóstico, estruturar receitas para si e para outras pessoas não se trata de um mau costume só dos menos letrados nem dos de baixo poder aquisitivo. Basta vê que muitas são as donas de casa que conservam uma farmacinha para prevenção de qualquer mal- estar. Lá se estoca remédios para gripe, azia, tosse, produtos para curativos e incluindo os chanad0s BOs (bom para os otários). Sem eficácia comprovada.

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