Clube de Leitura da UVA abre os trabalhos com apresentação de duas obras

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Por Fátima moura
O Clube de Leitura da Universidade Estadual Vale do Acaraú deu início aos trabalhos deste ano com debates sobre duas obras, no encontro realizado nas dependências da Biblioteca Central, na tarde do último dia 5 de abril. No primeiro momento foi apresentada e debatida a obra literária “Se Deus me chamar eu não vou”, de Mariana Salomão Carrara. Em seguida, a professora Chrislene Carvalho dos Santos Pereira Cavalcante do curso de História da UVA, fez apresentação de sua obra intitulada O Espetáculo da Cidade: Corpo feminino, Publicidade e Vida urbana em Sobral (1920/1925).
Enquanto o trabalho literário em pauta aborda um drama universal das relações de uma pré-adolescente com a escola, amigos, e especialmente a família; o Livro de Chislene Carvalho, fruto de uma pesquisa acadêmica, descortina a dualidade comportamental no panorama específico (cidade de Sobral na década de 1920) onde o conservadorismo dialoga com vanguardismo para conviver com os diferentes preceitos morais, éticos, religiosos direcionando atenção ao comportamento feminina como elemento norteador das regras sociais. A autora destaca que procura “trazer à baila a construção do corpo feminino em Sobral na primeira metade da década de vinte, analisando como os anúncios representavam esses corpos”. O trabalho tem como suporte de pesquisa os reclames dos jornais locais, especialmente Correio da Semana e a Luta e ainda do Jornal O Povo e revistas da época
Chrislene Carvalho é graduada, especialista e doutora em História, e pós-doutora em Sociologia. A pesquisadora arregimentou informações nos meios de comunicação impressos que expressam, com nitidez, a busca de equilíbrio entre o conceito de beleza que os conservadores pregavam ser a virtude e fluía do interior; e o que a publicidade destacava ser o cuidado, a higiene, a aparência, o estilo que a moda parisiense impunha. A mulher, neste contexto, certamente fez malabarismo para não causar impacto, ruptura contundente, pois queria acompanhar as emergentes tendências das revistas de moda, do que era inusitado, com novos conceitos de feminilidade os quais a publicidade veiculava. A mulher na Sobral dos anos de 1920 assumiu o desafio de apresentar um modelo feminino atualizado e esteticamente agradável, ao mesmo tempo coerente com as regras sociais e religiosas vigentes na época. Era uma missão bem árdua, pois ela tinha por obrigação ser exemplo de guardiã da moral e dos bons costumes, porém, não abria da ideia de ser moderna, atualizada e alinhada com a moda ditada por Paris.

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