DE OLHO NA LÍN GUA - Antonio da Costa

Sequer
Sequer significa ao menos, pelo menos. Quando precedido da palavra “não” ou “nem”, o termo “sequer” implica a ideia de negação. Exemplos dos dois casos: “Ele nem sequer mencionou minha presença”; “Se ambos tivessem sequer um pouco de boa vontade…”.
Ocorre que ultimamente os jornalistas passaram a eliminar o advérbio “não” ou a conjunção “nem”, embora indispensáveis no primeiro dos casos citados. Exs.: Ele sequer veio me visitar (inadequado); Ele sequer cumpriu sua obrigação (inadequado). “Sequer” sozinho na frase não tem valor negativo. Portanto, sequer deve vir acompanhado do advérbio “não” ou da conjunção “nem”.

Tratam-se de negócios escusos
Erro muito comum na imprensa. Diga corretamente: Trata-se de negócios escusos; Trata-se de discussões banais. O verbo tratar fica invariável na terceira pessoa do singular (trata-se), mesmo nos casos em que o substantivo que lhe segue seja plural regido de preposição. O sujeito da frase é indeterminado.

Sobressair X Confraternizar
Os verbos sobressair e confraternizar não são transitivos e, pois, não são verbos pronominais. Portanto, não construa frases assim: Antes do início do jogo, os jogadores se confraternizam; A frase correta é: Antes do início do jogo, os jogadores confraternizam; No clássico Flamengo e Fluminense, Zico foi o atleta que mais se sobressaiu. Diga corretamente: No clássico Flamengo e Fluminense, Zico foi o atleta que mais sobressaiu.

Perder
O verbo perder pede a preposição “para” e não a preposição “de”. Portanto, diga corretamente: O Botafogo perdeu para o Flamengo de 2 a 0. O verbo ganhar é que pede a preposição “de”: O Flamengo ganhou de 2 a 0 do Botafogo.

Infligir X Infringir
São muito frequentes os tremendos erros que se cometem por serem confundidos os verbos infligir e infringir. Acontece que, além da simples troca dos dois vocábulos, praticam-se muitas vezes deturpações na grafia. Infligir = transgredir, violar, não respeitar. Infringir = aplicar pena, punir, castigar.

“Não me sobrou senão alguns trocados” ou “Não me sobraram senão alguns trocados”?
Ambas corretas, mas a primeira (com o verbo no singular) é a preferida. Quando em frases desse tipo, após “senão” ou “a não ser” aparece o nome no plural, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural: Não me sobrou senão algum trocado, A concordância feita com verbo no plural leva apenas em conta o nome no plural (alguns trocados). Outros exemplos: Do acidente não restou (ou restaram) senão cinzas do automóvel; Não sobrou (ou não sobraram) a não ser ferro; Não é possível, na cidade não se vê (ou veem) senão a mulher deles linda.

“O filme é impróprio a menores de 18 anos” ou “O filme é impróprio para menor de 18 anos”?
Ambas corretas, mas deve-se dar preferência à segunda; Quanto ao adjetivo impróprio usa-se melhor com a preposição “para”. Portanto, este é um lugar impróprio para o acampamento.

OBS: Antes de infinitivo deve-se usar apenas “para”: A água está imprópria para beber; Lugar impróprio para acampar. Com “próprio” o uso é da mesma forma: Este é um lugar próprio para acampar: A sua própria água para beber.

(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.

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