Alma, fada, lobisomem. sereia são substantivos concretos ou abstratos?
É desconsolador ver-se estudantes do Segundo Grau não saberem a diferença entre substantivo concreto e substantivo abstrato.
Muita gente ainda vem com a velha conversa de dizer que substantivo concreto é aquele que a gente “pega’, “vê” e “sente”. Isso é conversa fiada!
Peguemos a gramática do mestre Adriano da Gama Kury (Gramática Fundamental da Língua Portuguesa – Nível Médio). Veja a definição do mestre:
“Substantivos concretos e abstratos – Dizem-se concretos os substantivos que designam seres de existência real ou que imaginamos: João, Maria, homem, Curupira, capim, anjo, fada, dia, noite, etc. Outros substantivos, os abstratos, não têm existência por si mesmo, mas podemos apresentá-los como separados, “abstraídos” dos seres em que se acham. São os que exprimem qualidades, estados, ações, sensações, situações. Em regra, são derivados de outros, com auxílio de um sufixo. Exs.: Tristeza (não existe por si, mas numa pessoa triste. Coragem (não existe por si; depende de uma pessoa para que ela se manifeste). Outros exemplos: doçura, velhice, obediência, feiura, beleza, etc.
O gramático Mauro Ferreira, em sua obra “Aprender e praticar – Gramática”, chama a atenção dos alunos, dizendo: “Cuidado para não confundir a classificação substantivo concreto com o sentido usual da palavra “concreto’ (= real, físico, visível). Substantivos como: Deus, alma, fada, fantasma, Saci, dragão e assombração, embora nomeiem seres que não existem na realidade material, podem ser considerados como tendo uma existência própria. Por isso, classificam-se como substantivos concretos.

Haver X Existir
Significação semelhante não quer dizer construção sintática semelhante. Os verbos “haver” e “existir”, sinônimos, têm regência muito diferente. Ex.: “Não há problemas insolúveis”. É oração sem sujeito; o verbo, impessoal, fica na terceira pessoa do singular. “Problemas insolúveis” é objeto direto de “Há”.
“Não existem problemas insolúveis” tem como sujeito “problemas insolúveis”. Já no predicado “não existem”, o verbo está no plural para concordar com o sujeito plural.

Ele acordou cedo (A língua cotidiana tem a tendência de omitir o pronome)
No sentido de “despertar”, esse verbo não aceita o pronome reflexivo “se”. Não devemos dizer, por exemplo: Ele acordou-se. Ninguém acorda a si mesmo; somos sempre despertados, acordados pelo barulho, pela luz, pelo despertador, pelo telefone ou até mesmo pelo fato de havermos dormido o suficiente.
OBS.: No Brasil, porém, é corrente dizer “acordou-se”, talvez por analogia com “levantou-se”. Observa-se escritores modernos, a exemplo de Mário de Andrade, Raul Bopp, Clarice Lispector e outros que assim o utilizaram.

Deitar (Com ou sem pronome?)
Com pronome, se usado em frases semelhantes a estas: Deito-me tarde todos os dias; Ele se deitou no chão, e não na cama; Sempre nos deitamos cedo; A que horas você se deita? Deitamo-nos à meia-noite; Quando me deito, já caio no sono; Deitei-me um pouco mais tarde ontem.

(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Aposentado, escreve esta Coluna todo sábado no Jornal Correio da Semana e Blog Artemísio da Costa. Contatos: (088) 99868-2517.

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