De Olho na Língua

MARIA LUCIANA É O MELHOR ADVOGADO DA EMPRESA / MARIA LUCIANA É A MELHOR ADVOGADA DA EMPRESA
Caso o departamento jurídico da empresa somente tivesse mulheres ou se ela se destacasse apenas entre as advogadas, diríamos que “Maria Luciana é a melhor advogada da empresa”. Entretanto, se ela é, dentre homens e mulheres, a pessoa mais capacitada para resolver as funções relativas ao direito dentro da empresa, devemos dizer: Maria Luciana é o melhor advogado da empresa.
MORAR À RUA (REGÊNCIA)
Embora muito comum no português contemporâneo, devemos preferir a que se fundamenta no uso dos bons escritores: Moro na Rua X. É que os verbos que exprimem quietação, estabilidade pedem a preposição “em” e não a preposição “a”. Observe que ninguém dirá: Moro à França; Moro a Petrópolis; Moro no Beco do Cotovelo. E sim, Moro na França; Moro em Petrópolis; Moro no Beco do Cotovelo. Exs.: Moro na Rua Santana (Garrett); “Tempos depois, estando já formado, e morando na Rua de Mata-cavalos” (M. de Assis, Várias Histórias, pág.125).
“OS PRÊMIOS NOBEL” OU “PRÊMIOS NOBÉIS”?
A segunda. Não faz mal que fique estranho; importa que fique certo. Os nomes próprios não fogem à regra da pluralização. Portanto: O cientista suíço já ganhou dois prêmios nobéis.
HOUVERAM OU NÃO HOUVERAM?
“Houveram encontros desastrosos na minha vida”. Não é para menos! O correto é: Houve encontros desastrosos na minha vida. Aprenda: Nunca faça variar o verbo “haver” no sentido de acontecer, realizar-se, existir. Use sempre singular. Exs.: Anos atrás houve muitas batalhas ponto; Ontem houve várias reuniões.
XEROCAR / XEROGRAFAR /XEROCOPIAR
Tanto eles xerocam documentos, tanto xerografam documentos, como xerocopiam documentos, são enunciados corretos.
Pegando carona na natureza do assunto, alertamos para a incorreção de construções do tipo: “Eu quero um xerox deste documento”, pois, no caso, o que “eu” estou querendo é “uma” xerox, cópia xerox (xerográfica) do documento. Não concordam?
AGENDA (= as coisas que devem ser feitas). Uma agenda é uma coleção de cosias que precisam ser feitas. Esta pode ser uma ordem do dia concreta para uma reunião, na qual são listados os itens que devem ser abordados nesse encontro, mas também um plano vago futuro, que precisa ser elaborado ainda. Se alguém disser que algo está na “agenda”, quer afirmar que está na ordem do dia, que pretende tratar desse assunto.
O termo, na realidade, deriva do verbo latino “agere” – agir, atuar, realizar, e sua forma de gerúndio “agendum”, na forma plural neutra “agenda”, que, literalmente significa “aquelas coisas” que devem ser feitas, atuadas.
A popular “agenda” de hoje é uma caderneta, um caderno em forma de livro, em que são anotados compromissos, encontros, reuniões, temas a discutir, deveres a cumprir, datas a relembrar, contas a pagar, telefones de contato, mas não de reportar-se sempre à sua origem etimológica latina: “as coisas que devem ser feitas”.
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral. Escreve esta Coluna toda terça-feira. Contatos: (88) 99373-7724.



