Uma Experiência Capitalista-Socialista e o “Saber Ouvir”

Em maio de 1985 participei de uma seleção de 320 candidatos para 10 (dez) participantes serem escolhidos a adentrar no Instituto Regional de Desenvolvimento Comunitário – IDEC, de Sobral. Fui escolhido entre os 10 (dez), entrando como Monitor, seguido de Diretor de Turma e, por fim, assumindo o cargo máximo de Superintendente. Foram cinco homens e cinco mulheres de profissões diferentes. Para mim, foi uma universidade aberta durante quatro anos.
O Instituto tinha como objetivo principal assentar 100 (cem) famílias no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – DNOCS, localizado no Setor 2, com 200 (duzentos) hectares, no Distrito Jaibaras do município de Sobral Ceará.O regime político e ideológico do IDEC foi realizado com 30 famílias, (não chegamos a assentar as 100 famílias).
Entrevistamos várias famílias contendo nelas, agricultores, professoras, pedreiros, serventes, carpinteiros, vaqueiros, enfim, profissões que puderam se ajudar mutuamente para construir uma pequena “cidade independente” economicamente.
O sistema funcionou com o capitalismo por dentro e o socialismo por fora. Todas as famílias tiveram suas casas sendo arquitetadas e construídas por cada uma delas de acordo com o número de habitantes da prole. Assim, todos se ajudaram de acordo como cada um podia contribuir.
As casas foram construídas num terreno particular dentro dos 200 hectares que cada um podia plantar, criar animais e vender para si o que quisesse, no sistema capitalista.
Já na grande parte dos 200 (duzentos) hectares se plantava feijão, milho, pepino, tomate, melancia, melão, hortas, etc. Nessa parte da terra tudo que era produzido era distribuído entre todos os familiares de acordo o número de pessoas de cada família, no sistema socialista.
Toda segunda feira eu, como Diretor, fazia uma reunião de planejamento com todos da “Fazenda de Todos Nós” (nome dado por eles em equipe). Durante a semana acompanhávamos a evolução dos trabalhos. No final da semana, na sexta feira fazíamos a avaliação do que havia progredido ou não. Todos ouvindo cada um.
Éramos uma grande família. Aprendi muito com cada um deles dentro dessa proposta do IDEC. Aprendi como é importante o viver coletivamente, o “saber compreender o outro”, o “saber dizer”, e, principalmente o “saber ouvir”.
“A natureza deu-nos dois ouvidos, dois olhos e uma língua, (observa Zenão, velho grego), para que pudéssemos ouvir e ver mais do que falar”. Um filósofo chinês fez a seguinte colocação: “o bom ouvinte colhe, enquanto aquele que fala semeia”.
“Devemos sempre estar preparados para um processo de comunicação de mão dupla, privilegiando mais o ouvir do que o falar. Ao falarmos em profusão, prejudicamos nosso potencial de eficácia e interação, exaurindo a capacidade de atenção e reflexão do interlocutor”. (trt1.jus.br).
“Quando você adquire o costume de escutar com mais frequencia, você passará a pensar melhor antes de falar. Isso será um imenso benefício aos seus argumentos, já que você não dirá nada sem ter certeza.
Ao escutar e passar a falar menos sobre sua opinião antes de ouvir tudo o que outras pessoas dizem a você, suas conclusões serão muito mais completas. Dessa maneira, você evita fazer deduções precipitadas e garante que compreenderá o assunto de maneira adequada.
Limitar o tempo que você costuma passar falando sobre um assunto e então dedicá-lo a escutar mais fará com que você passe a dizer coisas mais importantes. Algumas pessoas não percebem quando falam demais e essa atitude do “saber ouvir” pode ser uma boa solução se você também age dessa maneira”. (contabeis.com.br).

E então! Vamos aprender a ouvir mais e falar menos?
Prof. Salmito Campos – (jornalista e radialista).

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