Salmito Campos

A Masculinidade e Seus Tipos

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica (UCB), no Canadá, existem três tipos principais de masculinidade: a neotradicionalista, a progressiva e a igualitária.
Para chegar nos três perfis distintos de masculinidade, os estudiosos analisaram 92 homens heterossexuais cisgêneros de 14 países, com idades entre 19 e 43 anos.
“Nós nos propusemos a entender como diferentes tipos de masculinidades moldam os relacionamentos dos homens e sua saúde mental. O que descobrimos foi que esses tipos masculinos estavam associados a diferentes benefícios e desafios”, disse John Oliffe, um dos autores do estudo, ao UBC News.
Segundo o artigo, o perfil neotradicionalista (24% dos homens) é identificado em homens que ainda seguem à risca a ideia de que o homem é o provedor da casa, enquanto a mulher deve se ocupar das tarefas domésticas. Já o progressivo (26%) acredita na equidade de gênero e justiça social.
Enquanto isso, o perfil igualitário (50%) idealiza reciprocidade e contribuições iguais no relacionamento. Contudo, alguns homens que se encaixavam no igualitário ainda mostraram dificuldade em entender o conceito de dividir de forma totalmente igualitária a parte das tarefas domésticas.
O estudo ainda chegou à conclusão de que esses perfis têm implicações diretas na saúde mental masculina, observando que homens que promovem equidade de gênero e justiça social relatam melhoras no bem-estar. (metropoles.com).
Existe também “a masculinidade frágil que é a ansiedade que o homem sente ao acreditar que está se distanciando do que a sociedade denomina como padrões de masculinidade. Este sentimento pode motivar a pessoa a ter atitudes e ações compensatórias, que têm o intuito de restaurar as “verdadeiras” ações masculinas.
Apesar do tema da masculinidade frágil ter sido abordado há pouco tempo, já existe uma grande quantidade de estudos que revelam as consequências e as bases desse sentimento. A masculinidade frágil é uma constelação de atitudes regressivas socialmente que reforçam a dominação da mulher pelo homem, desvalorização de mulheres, homofobia e violência.
O gênero é uma construção social binária que divide as pessoas em dois grupos: homens e mulheres. Por muito tempo, se denominou o gênero das pessoas a partir do sexo biológico que elas apresentavam ao nascer. Ou seja, uma pessoa com órgãos reprodutivos masculinos, seria entendida como um homem.
Por esse mesmo motivo, se pregou, e ainda prega, a ideia de que as pessoas podem ser reduzidas a gêneros. Tese que é muito questionada por cientistas da área da biologia e da antropologia. Logo, com o desenvolvimento da sociedade, também surgiram estereótipos designados para cada um dos gêneros. Estereótipos estes que influenciam diretamente a masculinidade frágil.
Há o pensamento de que a fragilidade, o sentimentalismo e a inferioridade são traços femininos que devem ser expressados apenas por mulheres. Assim, o homem está diretamente ligado a traços de força, racionalidade e dominação.
Apesar das questões de gênero e masculinidade frágil terem entrado em debate nas últimas décadas, esse ciclo ainda é muito presente. Isso porque a desigualdade de gênero ainda tem respaldo na sociedade, e o homem ainda é visto como uma figura superior e fadada a estar no poder.
De acordo com o psiquiatra Raymond Buscemi, estudioso do tema, a masculinidade frágil está restrita às ações de negar o feminino. Ou seja, um homem com masculinidade frágil tem a sua identidade de gênero totalmente voltada ao fato de que ele não é uma mulher, e ele precisa provar isso constantemente.
Quando uma pessoa apresenta a masculinidade frágil, ela geralmente se defende afirmando que não tem traços de mulher. Desta forma, ela reafirma não ser uma pessoa sentimental, fraca e afeminada”. (ecycle.com.br).
Quando se diz que “homem não chora”, “futebol é só para homem”, “mulher é pra ser doméstica”, “mulher é o sexo frágil”, estamos falando da masculinidade frágil.
Prof. Salmito Campos – (jornalista e radialista).

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