Herculano Costa Comenta
Saúde Mental
Tratando-se de saúde mental, hoje vamos abordar neste nosso comentário a depressão. Um quadro de depressão pode ser identificado a partir de um sintoma até certo ponto muito ignorado
Quando alguém menciona depressão, logo a imagem que vem à mente é de alguém com um semblante triste ou desanimado. No entanto, muitas pessoas se surpreendem ao saber que existem outros sintomas igualmente importantes.
Um dos sintomas, como disse, infelizmente, muitas vezes ignorado, é a anedonia, que é a perda do prazer pelas coisas que você costumava gostar.
A anedonia, termo que vem do grego e significa “sem prazer”, é uma sensação bastante comum, enfrentada por cerca de 75% dos adultos e jovens diagnosticados com depressão.
Resumidamente, a anedonia pode ser caracterizada como uma redução no interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades que antes eram apreciadas por uma pessoa. Isso significa que, coisas que o indivíduo normalmente gostava não despertam mais nele sentimentos de satisfação ou contentamento.
Embora esteja primariamente associada à depressão, é importante ressaltar que a anedonia também pode ser um sintoma de outros distúrbios, como esquizofrenia e ansiedade. Portanto, é uma condição que precisa ser observada com cuidado para um diagnóstico médico, seguido de um tratamento adequado.
Indivíduos com anedonia muitas vezes descrevem a condição não só da perda da alegria, mas, também, a redução da motivação para realizar atividades. Para alguns, pode significar uma diminuição na vontade de fazer tarefas específicas, como ir para a escola ou encontrar amigos, ir ao cinema ou passear na praia, por exemplo. No entanto, para outros, o quadro pode ser mais sério, ao ponto de não querer fazer absolutamente nada, nem mesmo viver. Assim, busque ajuda profissional se você acha que pode estar sofrendo de anedonia ou se tiver sintomas de depressão. Este tipo de alteração é muito comum em pessoas que têm diminuição na produção de dopamina, um importante hormônio relacionado com a sensação de prazer. Além disso, a presença de transtornos psicológicos, como depressão ou esquizofrenia, assim como o consumo de algumas substâncias também pode estar na origem da anedonia.
É importante que a causa seja identificada, para que o tratamento possa ser mais direcionado, podendo ser recomendada a realização de sessões de psicoterapia ou ser indicado o uso de medicamentos antidepressivos receitados pelo psiquiatra. E depois, contar com a ajuda de psicanalista.
Dentre os principais sintomas que podem indicar anedonia incluem como supradito: a perda de interesse por atividades que se realizava anteriormente; dificuldades de concentração; alterações do sono, podendo haver insônia ou sono excessivo; a diminuição ou perda da libido etc.
Pessoas com anedonia geralmente também apresentam grandes variações no peso, podendo ganhar ou perder peso sem que isso seja seu objetivo.
Uma das principais causas de anedonia é o transtorno depressivo maior, no entanto, outras doenças como esquizofrenia, psicose, doença de Parkinson, anorexia nervosa ou até o abuso de drogas e de medicamentos, especialmente antidepressivos e antipsicóticos, também podem causar anedonia. Alguns fatores de risco podem também levar ao desenvolvimento de anedonia, como a ocorrência de eventos traumáticos e estressantes, história de abuso ou negligência, doenças que tenham um grande impacto na qualidade de vida da pessoa, um distúrbio alimentar ou histórico familiar de depressão maior ou esquizofrenia.
A anedonia tem cura, mas pode ser muito difícil de tratar. Geralmente consiste no tratamento da doença que está na sua origem, como a depressão ou outra doença psiquiátrica. A primeira opção é a psicoterapia com um terapeuta, que possa avaliar o estado psicológico da pessoa e se necessário encaminhá-la para um psiquiatra, que poderá prescrever medicamentos como antidepressivos ou remédios direcionados para o problema psiquiátrico que a pessoa possa ter. O acompanhamento médico deve ser feito regularmente, de forma a identificar possíveis efeitos colaterais causados pelos medicamentos e de forma a ajustar a dose, para que se obtenham melhores resultados.
Por Herculano Costa, Neuro psicanalista Clínico, Jornalista, Professor, Escritor e Poeta.

