Jesus Ressuscitado, aparecendo aos apóstolos, transmite-lhes o mandato missionário: “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês” (Jo 20,21). A Ressurreição está vinculada à missão. Os apóstolos partem para testemunhar, pelo mundo afora, a novidade de que a morte foi vencida, pois aquele Jesus que fora crucificado está agora ressuscitado. Portanto, a Igreja surge ao redor dessa fé na ressurreição.
Sua missão, desde o início, visa produzir nos homens que aderem à fé cristã o mesmo comportamento de Jesus. A fé, sendo essencialmente pascal, deve gerar nos discípulos de ontem e de hoje uma vida de doação, de serviço, de total fidelidade a Deus e de um radical compromisso com seu Reino.
O envio missionário do Ressuscitado é um envio para lançar na vida humana as sementes da ressurreição. Isso se faz quando passamos de uma fé acomodada para uma fé engajada, tentando realizar germinalmente o Reino de Deus em nossa história. O Reino é feito de justiça, de amor, de reconciliação e de abertura a Deus. Quando tais atitudes se desenvolvem em nós e por nós, podemos dizer que a vida nova do Ressuscitado está germinando.
Acontece, então, a Páscoa, a passagem, a renovação. As novas criaturas banhadas em Cristo são aquelas que passam da indiferença ao cuidado com os mais carentes, da intolerância à convivência respeitosa com todos, do elitismo excludente à criação de uma sociedade mais justa, onde haja comunhão e participação. Construimos uma nova humanidade que não mais destrói a Casa Comum, mas que aprende a desenvolver laços afetivos com a Mãe Terra.
Tais são os desdobramentos da Ressurreição de Jesus na vida de cada discípulo e discípula, no hoje da nossa vida. O nosso desafio é ressuscitar com o Ressuscitado. Por isso, sabendo da nossa fragilidade e da fraqueza de nossas intenções, junto ao envio missionário, ele nos entrega seu Espírito. “Recebam o Espírito Santo” (Jo 20,22). Ele é a força que nos faz levar a causa de Jesus pelo mundo afora.
Desse modo, as primeiras comunidades cristãs procuraram viver os ideais de Jesus de uma comunidade de vida, de oração e de partilha dos bens, como vemos nos belos relatos dos Atos dos Apóstolos. Havia uma forte unidade interior. Colocava-se tudo em comum, repartiam conforme as necessidades de cada um, de tal modo que não havia pobres entre eles (cf. At 4,34-35).
Eis o ideal de uma comunidade que germina as sementes da ressurreição. É um convite para que as comunidades de hoje tenham práticas de fé que apontem em direção à Páscoa. É um convite para que os cristãos sejam imbuídos da mentalidade de Jesus e dos valores de sua proposta. Desde agora, podemos antecipar “gestos pascais” de amor que apontem para esse projeto que se plenificará na consumação dos tempos. Eis a nossa esperança!

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