Médico Infectologista esclarece dúvidas acerca do novo Coronavírus

Em entrevista ao Correio da Semana, o Médico Infectologista, Michel Abdalla, esclarece dúvidas a respeito da doença que avança pelo Brasil e no mundo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia do novo Coronavírus, no momento em que o número de casos fora da China aumentou com mais de 115 países declarados de infecção.
O Brasil registrou o primeiro caso da doença respiratória causada pelo novo coronavírus no dia 26 de fevereiro. Atualmente, o país já registra óbitos e mais de 600 casos confirmados, além de quase 12 mil suspeitos, de acordo com a atualização diária do Ministério da Saúde. Na medida em que os casos aumentam, o governo adota medidas para frear a propagação da doença.
Em entrevista ao Correio da Semana, o Médico Infectologista, Michel Abdalla, esclarece dúvidas a respeito da doença que avança pelo Brasil e no mundo.
Correio da Semana – Como médico infectologista, você percebeu em algum momento que o Brasil poderia enfrentar consequências dessa pandemia? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou.
Doutor Michel Abdalla – Sim. O mundo inteiro era susceptível a infecção. Por tratar-se de um novo vírus ninguém tem imunidade contra ele.
Correio – O que você pensa sobre as medidas decretadas pelo prefeito para retardar a propagação da doença em Sobral? Foi necessário mesmo sendo em um interior do estado?
Dr. Michel – Acredito que tratou-se de uma decisão extremamente correta e adequada. Países que fizeram medidas semelhantes tiveram uma evolução muito mais satisfatória que os países que não as adotaram ou fizeram tardiamente. Nosso caso confirmado hoje só reforça que a doença está mais próxima que imaginamos.
Correio – Sabemos que os sintomas da Covid-19 são parecidos com os de uma gripe ou resfriado. Mas você pode reforçar quando devemos ficar em alerta? E quando procurar uma unidade de saúde?
Dr. Michel – Realmente os sintomas são os mesmo de uma gripe comum. A recomendação é de que somente pacientes com dificuldade para respirar devam procurar os serviços de saúde.
Correio – E o que ajuda a evitar o pânico da situação?
Dr. Michel – Ter consciência e responsabilidade social. Não propagar informações falsas. Agir com empatia e seguir as medidas preventivas. Com os números de novos casos controlados a tendência que a população lide com a doença com a razão e não com o pânico
Correio – A onda de fake news já toma conta de grupos de WhatsApp. Qual o mais absurdo que você já viu e que vale a pena ressaltar para não passar adiante?
Dr. Michel – Existem várias histórias sem fundamento como soro para imunidade. Médicos têm propagado no intuito de ganhar dinheiro à inverdade que um coquetel administrado na veia composto por altas doses de vitaminas previne a doença. Isso não tem fundamento e não funciona.
Correio – Aproveito que você citou a imunidade para saber o que fazer para fortalecer o sistema imunológico. Gostaria de saber também se mudar hábitos vai ajudar as pessoas nesse momento contra o coronavírus ou é apenas uma medida a longo prazo.
Dr. Michel – Agudamente não temos medidas que aumentem imunidade. Uma alimentação saudável, a prática de atividade e o sono reparador a longo prazo melhoram o sistema imune. Deixando claro que mesmo com um sistema imune adequado continuamos suscetíveis a doenças.
Correio – Ainda é cedo para saber se o mesmo paciente pode ser infectado duas vezes?
Dr. Michel – Ainda é cedo, mas na China há suspeita de reinfecção.
Correio – Como higienizar as mãos corretamente? Tocamos o tempo todo em algum objeto. Como proceder?
Dr. Michel – As mãos devem ser higienizadas várias vezes ao dia e de maneira adequada, ou seja, é preciso ter o cuidado de higienizá-las por completo.
Correio – É importante a higienização de mesas, maçanetas, celulares? Quais os produtos indicados para higienizar superfícies?
Dr. Michel – Muito importante. Estudos demonstraram que álcool 70% e água sanitária apresentaram alto potencial de inativação do vírus.
Correio – Digamos que uma pessoa esteja sintomática ou com o caso confirmado. Qual a medicação indicada?
Dr. Michel – Não existe medicação liberada para tratamento específico do covid-19 o paciente será tratado com sintomáticos e suporte clínico.
Correio – Quando um paciente entra em quarentena, ele é acompanhado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou pela rede privada de sua escolha? Ou seja, existe um acompanhamento?
Dr. Michel – Existe monitoramento de sintomas pelo PSF quando paciente do SUS e pelo médico assistente na rede privada.
Correio – Então para deixar claro, como uma pessoa deve proceder quando há suspeita de sintomas?
Dr. Michel – Só deve procurar serviço de saúde pessoas q apresentem dificuldade para respirar. Pessoas com sintomas de gripe devem ficar em casa.
Correio – Doutor, o exame é feito em Sobral ou enviado para outro estado?
Dr. Michel – É colhido aqui é enviado para Fortaleza, e de lá para Belém do Pará
Correio – Explique para o leitor, quem está no grupo de risco e por quê?
Dr. Michel – Pessoas com idade superior a 50 anos, e portadores de doenças crônicas como pressão alta diabetes e problema de coração. São considerados de risco porque tem mais chance de evoluir grave.
Correio – O que é uma transmissão local, comunitária ou sustentada do coronavírus?
Dr. Michel – É quando não se consegue definir ao certo onde e/ou de quem o paciente contraiu o vírus.
Correio – Já é comprovado que o remédio ibuprofeno não é recomendado no tratamento?
Dr. Michel – Sim, ele não é recomendado, mas não está certo que ele causa prejuízo. Pode ser q com o tempo e pesquisa isso se confirme ou não.
Correio – Lavar as mãos com água e sabão tem o mesmo efeito do álcool em gel?
Dr. Michel – Sim.
Correio – Quem ainda não suspendeu suas atividades e mora com idosos. Qual a recomendação? É permitido estar próximo a eles?
Dr. Michel – Ninguém deve ficar próximo de ninguém, guarde a distância de 2 metros de segurança. O cuidado de quem tem idosos em casa deve ser redobrado, com higienização das mãos frenquentar e caso sintomas usam de máscara.
Correio – Enquanto ao uso de máscara, é adequado?
Dr. Michel – Somente para pacientes sintomáticos.



