A Igreja, em sua divina sabedoria, concebe três graus ao Sacramento da Ordem: episcopado, presbiterado e diaconado. Dentre estes, o diaconado confere ao candidato a missão de diaconar (servir) e o faz disponível para todos. Os diáconos são, portanto, aqueles chamados por Deus a assumirem, com excelência, a condição de servidores da vinha do Senhor. É uma missão tão antiga quanto à idade apostólica, já presente no Novo Testamento.
No capítulo 6 dos Atos dos Apóstolos, vê-se o momento em que os apóstolos formaram estruturas de serviço em resposta a necessidades concretas da Igreja e, assim, escolheram sete homens, cheios de fé e do Espírito Santo, que foram os primeiros diáconos da Igreja. Um deles, Estevão, tornou-se o arquétipo do diácono, pois, em sua humilde condição de servo, entregou-se por inteiro a Deus até o derramamento do próprio sangue, tornando-se o primeiro mártir da Igreja.
De fato, o serviço diaconal está intimamente relacionado a essa entrega de vida, desde os primórdios da era cristã. O próprio Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1588, nos relembra que o diácono é ordenado “para servir ao povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade”. Essa definição aponta para o tríplice múnus de santificar, pregar e pastorear não como presidentes, mas como colaboradores do bispo e de seu presbitério.
A graça sacramental confere ao candidato o dom do serviço como uma entrega livre, fiel e sincera a Cristo que não veio “para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,28). O serviço é, pois, uma das características primordiais dos discípulos de Jesus. E todos eles, padres, bispos, cardeais, o papa, são antes de tudo diáconos, chamados à condição de servos.
Vale salientar também que o diaconato não é apenas um grau da Ordem voltado à preparação para o ministério sacerdotal. Hoje em dia, tornou-se novamente uma vocação independente para celibatários e homens casados, com o diaconato permanente. É a Igreja que se atualiza às necessidades do nosso tempo e acentua seu caráter serviçal.
Portanto, o diaconato também nos relembra essa parte integrante da identidade cristã: servir a todos. Uma das lições do Evangelho é a de que o servo se torna grande no Reino de Deus. É aquele que alimenta os famintos, acolhe o próximo e visita os doentes e encarcerados. A nossa inspiração é o próprio Jesus que, em sua caminhada terrena, nos mostrou um coração cheio de misericórdia e compaixão por todos os que tinham necessidades físicas, materiais e espirituais.

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