Nos últimos dias, o Brasil comoveu-se com a publicação de imagens marcantes que mostram a situação em que estavam vivendo os povos indígenas yanomami. As fotos são o retrato da desnutrição e das doenças que estavam assolando esses povos. São também o retrato do descaso, da injustiça, e da omissão de autoridades governamentais.
O que se pode constatar é um verdadeiro crime de injustiça social. Um grande desrespeito à dignidade dos povos indígenas. Descortinaram-se as raízes escuras da Mãe Terra, onde se encontrava um povo fragilizado, humilhado, sem condições mínimas de vida, onde prevalecia o garimpo ilegal.
Percebe-se tristemente a existência de muitos discursos em defesa da vida, mas pouca ação concreta onde a vida está fragilizada e abandonada pelos ricos e poderosos do mundo. Por isso, a Igreja sustenta a defesa integral da vida onde falta pão, falta saúde, falta dignidade, falta, enfim, humanidade!
O descaso com o povo yanomami é um exemplo daquilo que o Papa Francisco chama de uma “economia que mata”. O lucro dos garimpeiros é mais importante do que a vida dos povos originários. Um crime de genocídio acobertado por empresários e políticos. A vida humana à mercê de interesses econômicos.
Percebe-se o quão cíclica é a história da humanidade ao vermos novos genocídios que acontecem na atualidade. Um descaso difícil de entender que leva à morte cerca de 570 crianças nos últimos anos por causas evitáveis. As notícias veiculadas nos últimos dias do grande descaso que vinha acontecendo revelam uma situação desumana e imoral.
Os indígenas privados de uma vida digna são uma pequena amostragem de muitos grupos, vítimas de injustiças sociais. Estamos, assim, colhendo os frutos amargos de um governo preconceituoso, discriminatório, militaresco, intolarante e criminoso!
É o sintoma de uma história que já começou desumana. De um progresso construído sobre a exploração das massas e dos povos originários. De um desenvolvimento que destrói a criação, envenena o solo, o ar, as águas e concentra as riquezas nas mãos de uns poucos. De tudo isso fica a reflexão do futuro que se deseja construir.
Da desolação dos indígenas e da repercussão social do que aconteceu deve reacender a esperança de um mundo melhor. Urge entender que, no mundo, não existe diferença de dignidade entre os seres humanos e, na sociedade, não existem cidadãos de segunda classe. Renova-se o sonho de um Brasil mais justo, onde nossos povos originários tenham como direitos básicos a preservação de seus territórios, culturas, espiritualidades e de seu modo de viver.

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