editorial cs

Tendo concluído o mês de agosto, dedicado às vocações, a Igreja no Brasil dedica todo o mês de setembro à Bíblia. Uma iniciativa salutar que aponta para a grande importância de que todo cristão conheça e aprofunde a sua experiência com a Palavra de Deus.
A motivação provém da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30 de setembro. O Santo, chamado de “Doutor Bíblico”, foi um dos Padres mais eruditos do Cristianismo Antigo e foi o responsável por um trabalho, que lhe demandou cerca de 35 anos, de tradução da Bíblia para o latim, a partir do grego e do hebraico.
Se hoje a Bíblia é um livro popular, devemos muito a este primeiro passo de tradução bíblica, ocorrido em um período importante da construção da identidade cristã, no século V. E nos últimos tempos, a Igreja tem feito um constante retorno às fontes bíblicas, especialmente a partir do Concílio Vaticano II, que dentre seus documentos, permite um impulso à redescoberta da Palavra de Deus na vida da Igreja e ao estudo da Sagrada Escritura.
Na mesma linha, o Papa Bento XVI publicou, em 2010, a Exortação Apostólica Verbum Domini sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Nela, o papa afirmava o seu desejo de “uma redescoberta, na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda atividade eclesial” (VD 1).
De fato, essa consciência ganha ainda mais importância quando se coloca no coração da atividade eclesial a unidade íntima entre Palavra e Eucaristia. A Igreja sempre tributou a ambas a mesma veneração, embora não o mesmo culto. Não há como desconectá-las, como percebemos na própria narração de Lucas sobre os discípulos de Emaús.
A presença de Jesus foi reconhecida primeiro com as palavras e depois, de um modo novo, com o gesto de partir o pão: “Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?” (Lc 24, 32). Assim, percebemos que a própria Escritura traz a sua indissolúvel relação com a Eucaristia.
É por isso que a Palavra de Deus deve ser amada, respeitada, proclamada e acolhida, com a voz e com o testemunho. É importante que se celebre bem este mês, com encontros de estudo da bíblia, com círculos bíblicos e momentos de animação bíblico-catequética, como já se propõe nos planos pastorais da Igreja.
Somos convidados a conhecer a Palavra de Deus mais a fundo, a amá-la cada vez mais e a fazer dela, a cada dia, uma leitura meditada e rezada. Não é necessário o conhecimento de teorias de interpretação, apenas é preciso ter a disposição do coração. Mais do que nunca, estamos no tempo de ter essa palavra como uma referência de vida até que cada cristão possa dizer: “Tua palavra é lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho” (Sm 118, 105).

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