Aguapes

O Rio Acaraú, que nasceu na Serra das Matas, oferecia água pura, para beber nas suas cacimbas. Além disso, eu jogava peladas nas suas prainhas de areias brancas. com a bola de meus sonhos feita a mão com as meias furtadas do meu humilde pai. Foi no campo deste quadro da minha infância, que conheci o equilibro da Natureza, moldurando a cidade de Sobral.
Hoje, o povo sobralense se depara com a morte lenta do doce Rio Acaraú e como ele está ausente do debate de uma política ambientalista mais séria e, ao mesmo tempo, se decepciona com o despreparo dos discursos ecológicos dentro dos modelos ideológicos em função de um assunto de tão grande significado humano, político e social.
É necessário e dispensável que tenhamos consciência da importância e seriedade com que devemos encarrar o assunto ecológico. Esse problema se aprende quando se luta a favor da natureza. Ou seja, a defesa do Rio Acaraú é um tema que deve sai do debate acadêmico, ele terá que ser discutido com os mecanismos democráticos, nas praças, nas ruas ou em qualquer esquina. Por isso, procuremos levar ao conhecimento do meio civil.
Essa é uma questão que envolve um desafio de princípios morais e de condutas de vida pública e privada: uma campanha de larga escala cujo objetivo é de levar em conta que se proceda um novo tipo de mobilidade no centro da discussão ecológica de colocar em xeque a situação angustiante do Rio Acaraú ou, mais do que isso, servir para refletir a respeito da relação da sociedade sobralense atual, com o Rio Acaraú.
A todo sobralense que se ufana da sua Terra e não aceita a tutela da politicagem partidária. Ou seja, deve romper com a maneira como a política ambientalista trata a natureza, dando as costas ao Rio Acaraú, emancipando-se dele. Por fim, cada ação de cidadania pode fazer muita diferença.
E, por fim, salve o Rio Acaraú! Meditando sobre tão importante problema. Participe cada um em seu campo de ação, dentro de suas possibilidades a partir da ideia de que a vida do Rio Acaraú é um bem que está desaparecendo e pode ser algo totalmente destrutivo para a sociedade sobralense.
Portanto, o povo sobralense, que se preocupa com a vida do Rio Acaraú, vem conclamar às autoridades Municipais, de todos municípios por onde as águas do Rio Acaraú passam para comporem o movimento em prol do salvamento do referido Rio.
Infelizmente, muitos ainda não incorporam a vida do Rio Acaraú em sua cultura. Existe uma grande relutância em aceitar um rio como um dos valores postos à disposição dos seres vivos. Não há, ainda, uma consciência formada, arraigada na mente de uma parte da população, a reconhecer o seu valor.
Como se sabe, a derrubada de uma arvore ou o lançamento de dejetos no rio parece, à primeira vista, um ato aparentemente banal. E esse problema é agravado pelos políticos, que fazem discursos inaugurando shoppings, mas não exibem o mesmo discurso salvando o Rio Acaraú. Como dizia Ghandi: “É perfeitamente possível suprir as necessidades de todo os habitantes da Terra. O que não é possível é suprir o desperdício e o luxo”.
Como sabemos, o supérfluo e o desperdice, caracterizam os discursos políticos em busca de voto. Portanto, mexer na natureza não tem relevância para conquistarem os votos, que eles precisam. Por isso, o Rio Acaraú está totalmente abandonado, sofrendo todas espécies de agressões, pois, nele, são despejados diariamente vários quilos de resíduo sólido, esgotos domésticos. Há também, a presença de muitos matos e acentuadas quinquilharias.
A gravidade de tais fatos, nossa legislação processual prevê os poderes estatais de instrumentos hábeis a fazer respeitar o meio ambiente. O Ministério Público, composto dos promotores de justiças e dos procuradores estaduais e federais, sumamente prestigiado pela Constituição de 1988, é o órgão legitimado a tentar ações judiciais contra os agressores do meio ambiente, como, por exemplo, os rios.
Apesar de legalmente legitimado, o Ministério Público não se tem empenhado na questão do Rio Acaraú. A exceção de pouquíssimos Comarcas, onde é mantida uma promotoria de defesa do meio ambiente. Como bem diz, o jornalista Boris Casoy, por sua firme posição traduzida pela consagrada frase “Isso é uma vergonha!”
Portanto, não se trata, aqui, de propalar quando que era viva a beleza do Rio Acaraú. Trata-se de repensar a maneira como nós usamos um rio, em todos os planos. Que é um problema muito sério, porque o debate é interrompido pela lógica: da falta de recursos e a ausência do Rio Acaraú, vem se agravando ao longo das últimas décadas, reside nas consequências danosas a própria qualidade de vida da população sobralense.
Enfim, “levantem os olhos sobre o Rio Acaraú e vejam como ele está morrendo lentamente,” para que amanhã não sejam acusados de omissão, que no futuro próximo, um sobralense, encontra-se sentado numa praça no meio do leito, ouvindo o discurso maniqueísta de um político oligárquico, fazendo aquela corriqueira homenagem com uma placa em nome do avô ou do pai. Triste.
Jornalista, Historiador e Crítico Literário.

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