Um dos bens mais medidos, preciosos, disputados e valiosos não é material. Ele se tornou, nos nossos dias, um dos problemas mais inquietantes: o tempo. Para ele, os gregos tinham duas palavras que dizem muito a respeito da forma como nós o vemos: cronos e kairós.
O que fazer do(no) tempo? Eu sou servo ou senhor do tempo? Eu corro a favor ou contra o tempo? Em primeiro lugar, o tempo que denominamos cronos é aquele que medimos no relógio, que marca as horas, dias, anos. Já o tempo kairós é aquele que não se mede, pois é interior, espiritual, pleno e profundo.
Já faz um tempo que o kairós se instalou na humanidade. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. O próprio Deus, Senhor do tempo, submeteu-se ao tempo cronos para transformá-lo em kairós. E nós podemos escolher, por livre opção, em qual dos dois queremos viver. Se vivemos no tempo cronos e passamos a administrá-lo, submetendo-o a Deus, seu dono e criador, passamos a conviver com ele como uma chance de perceber a graça de Deus. Então, vivemos o kairós.
O cronos nos consome, envelhece, restringe, inquieta, irrita e nunca parece bastar para fazer o que necessitamos. O kairós nos renova, motiva, alegra, não desgasta e não nos faz cansar. Por isso, os cristãos dos primeiros séculos passaram a designá-lo como “o tempo da graça de Deus”.
Quando vemos o tempo como nosso senhor, como o indomável cronos, lidamos com a raiva que temos dele, lutamos contra ele o tempo todo, vemo-lo como um adversário invencível a quem, cedo ou tarde, teremos que nos submeter se quisermos ser alguém na vida. Então, corremos contra o tempo.
Quando o vemos como nosso servo, um presente de Deus para melhor amá-lo e servi-lo, o tempo que percebemos é o kairós, ainda que inserido no cronos. Acolhemo-lo com alegria, enchemo-nos de gratidão para com ele que passa a ser para nós tempo da graça de Deus. Aquele tipo de tempo que a gente deseja nunca acabar: o tempo que mede o amor, a amizade, o carinho e a ternura. Então, vivemos a favor do tempo.
Portanto, dentro do tempo temos a oportunidade de aproveitá-lo de diversas formas, mas se soubermos santificá-lo e perceber as belezas de Deus e as coisas boas da vida. Sabendo viver o tempo com aquilo que nos engrandece dentro de nossa história, nós abrimos as portas para a eternidade.

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