Ordenação Presbiteral dos Diáconos Eduardo Agapito Lima e Geferson Luiz Chaves Rocha

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Sobral – CE, 11 de fevereiro de 2025
1ª Leitura Jr.1,4-9; Sl:88; 2ª 2 Cor.4,1-3.5-7; Evangelho Jo.20,19-23.
HOMILIA
Irmãos e irmãs, filhos e filhas, hoje, 11 de fevereiro, a Igreja celebra a Memória Litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes. Quando a Virgem Maria confirmou sua concepção imaculada, invocação de nossa padroeira: “Eu sou a Imaculada Conceição!”. Celebra-se hoje o dia mundial dos enfermos. Que toda esta nossa liturgia seja oferecida em veneração à Santa Mãe de Deus e por todos os enfermos que depositam nela a sua esperança.
Nesta data tão significativa, a Igreja Particular de Sobral, isto é, a nossa Diocese, tem a graça de celebrar a Eucaristia com a Ordenação de dois novos Presbíteros para a Igreja. Os jovens Diáconos: Eduardo Agapito Lima e Geferson Luiz Rocha Chaves, aqui presentes, com corações ardendo de alegria, acompanhados de seus pais, irmãos, parentes, amigos, formadores, e grande parte de clérigos da nossa Diocese de Sobral, recebem conosco este maravilhoso presente de Deus.
Filhos e filhas, falo em presente de Deus porque cremos e sabemos que uma vocação sacerdotal é verdadeiramente uma resposta de Deus às orações do seu Povo de particular propriedade. Foi o Próprio Jesus que nos deu este mandamento: “Peçam ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe, porque a messe é grande e os operários são poucos.” (Mt 9,38) A celebração de uma Ordenação é uma resposta de Deus às orações feitas pelo povo atendendo ao pedido de Jesus.
Filhos e filhas, o Diácono Eduardo Agapito escolheu como lema de sua vida presbiteral a seguinte frase do profeta Jeremias: “Seduziste-me Senhor e eu me deixei seduzir” (Jr 20,7), manifestando assim que entende sua vocação verdadeiramente como um chamado de Deus e uma resposta positiva dele a este chamado. Já o Diácono Geferson Luiz escolheu o seguinte lema: “Em atenção à tua palavra, lançarei as redes”. (Lc 5,5) São palavras do Apóstolo São Pedro proclamadas na liturgia do domingo passado e que denotam obediência, confiança e entrega de vida nas mãos do Senhor Jesus.
Filhos e filhas, as leituras bíblicas da liturgia de hoje escolhidas e propostas por aqueles que serão ordenados, nos ajudam muito a refletir e rezar sobre este mistério tão maravilhoso que é a vocação que o Senhor dá a cada um de nós de uma maneira singular.
As leituras proclamadas nos apresentam três aspectos da vocação:
O Primeiro é o chamado, a vocação propriamente dita, a escolha, que não é feita por nós, mas por Deus.
A primeira leitura nos apresenta um texto emblemático sobre vocação. A Vocação do Profeta Jeremias. O profeta nos revela uma verdade estonteante! Uma verdade profundamente existencial e que nem sempre nós nos damos conta dela.
Filhos e filhas, a nossa vida é um mistério divino! O Senhor diz ao profeta e a cada um de nós: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; eu te consagrei e te fiz profeta das nações.” (Jr 1,5)
Cada vez que leio ou penso nesta verdade revelada, eu me pergunto: cremos nisto? Temos consciência, que nenhum de nós existe por acaso? Aliás, nada existe por acaso! Temos consciência que eu, você, cada um de nós, antes mesmo de existirmos fomos um pensamento de Deus? Cremos que Deus nos chamou à vida humana e além disso nos chama cotidianamente à uma vocação cristã específica, singular, que ninguém pode realizar em nosso lugar?
Diante de um chamado de Deus, ainda refletindo a primeira leitura, assim como o profeta nos sentimos incapazes, nos sentimos inexperientes, nos sentimos novos demais! Como pode, um jovem deste, ser chamado de Presbítero? Palavra grega que significa “ancião”?
O Senhor nos responde da mesma forma que respondeu ao Profeta Jeremias, toca nossos lábios e nos diz: “Eis que ponho minhas palavras em tua boca”.
Como nos disse o Apóstolo São Paulo domingo próximo passado; “É pela graça de Deus que sou o que sou.” ou ainda, o que o mesmo Apóstolo disse ao jovem Timóteo, por ele ordenado: “Que ninguém te despreze na tua jovem idade. Quanto a ti, sê para os fiéis modelo na palavra, na conduta, na caridade, na fé, na pureza.” (ITm 4,12)
O segundo aspecto: a Missão ou a Evangelização. Aspecto sem o qual não se pode compreender a vida de um Presbítero. É missão do padre pregar o Evangelho à toda criatura.
Na segunda leitura proclamada, da segunda Carta de São Paulo aos Coríntios, o Senhor nos exorta a não desanimarmos perante às dificuldades que a evangelização nos impõe. Lembrando-nos que o Evangelho só está vedado para àqueles que irão perecer, isto é, a adesão ao cristianismo, não depende só de nós, e que ao pregarmos, não pregamos a nós mesmos, anunciamos Jesus: “Luz do mundo!”.
A leitura além de nos mostrar a importância de viver para anunciar o Evangelho de Cristo, nos conforta chamando-nos a atenção que este “tesouro” que é o Evangelho e o seu anuncio, nós o trazemos em “vasos de barro”, que somos todos nós. Para, assim reconhecermos “que este poder extraordinário vem de Deus”, (v. 7) nos diz São Paulo na segunda leitura de hoje.
“Como são formosos, sobre os montes, os pés do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: o teu Deus reina!”, nos diz também o profeta Isaías (Is 52,7).
Finalmente o terceiro aspecto: a Graça Divina que é doada àqueles que são chamados e enviados.
Como é maravilhoso saber aquilo que a Igreja sempre professou: “O sacerdote age in persona Christi, ou seja, na pessoa de Cristo”.
Nestes dias, entregando pastoreio a tantos padres que foram transferidos, o primeiro gesto do Bispo é a entrega das chaves da igreja, com as seguintes palavras: “Recebe, filho caríssimo, as chaves desta igreja, lembra-te de que ela pertence a Cristo Jesus, pois é ele próprio, por meio dos seus ministros, quem ensina, governa e santifica os fiéis.”
Ensinar, santificar e governar. São os três munos conferidos a um sacerdote ministerial. O Evangelho de hoje ressalta este segundo munos, o de santificar.
A santidade é e nunca deverá deixar de ser a vocação primeira e última de todo cristão. A santidade, todavia, não é mérito humano é graça de Deus. É Deus, o Santo. “Santo, santo, santo!” Experimentada pelo profeta Isaías conforme a liturgia do domingo passado. Este Deus, “santo e fonte de toda santidade”, nos santifica de diversas formas, mas de uma maneira explícita e empírica através por meio dos sacramentos, especialmente no sacramento da penitência; sacramentos que, como nos ensina a Igreja: “realizam em nós aquilo que significam”.
Jesus, o Cristo Ressuscitado deu aos apóstolos e seus sucessores a graça de perdoar os pecados. Ouvimos no Evangelho proclamado hoje.
O que seria de nós, filhos e filhas, se a nossa santidade dependesse dos nossos méritos ou mesmo de nossas intenções? O que seria de nós se não fosse a Divina Misericórdia que Deus nos oferece através dos santos sacramentos que recebemos das mãos ungidas dos sacerdotes por Ele escolhidos?
Estamos vivenciando um Ano Santo, um Ano Jubilar. O Senhor Deus Misericordioso, concede ao Santo Padre, o Papa, abrir o tesouro da Igreja e nos oferecer, além do perdão dos pecados que ele concede aos que se arrependem e se confessam, a graça das indulgências que reparam os danos causados por nossos pecados.
Para concluir vou dar-vos alguns conselhos.
Meus queridos filhos, grande é a minha alegria em ordená-los hoje sacerdotes para sempre, segundo a Ordem do Rei Melquisedec. Sacerdotes ministeriais tirados do meio de um povo sacerdotal a quem deveis servir.
 Sereis pastores do rebanho do Senhor Jesus, Sumo e Eterno Sacerdote. Tereis a missão de conduzir comigo e com meus sucessores este rebanho, com o cuidado de que nenhuma ovelha se perca. Zelando as ovelhas gordas, cuidado das com pernas quebradas, indo em busca das ovelhas extraviadas e enfrentando os lobos e ursos que querem devorar o rebanho.
1 – Sede Pastores zelosos. Amantes da Sagrada Liturgia, exercendo-a sempre com sobriedade e espírito de oração, tendo o cuidado de não celebrar simplesmente para cumprir agenda, muito menos para receber espórtulas. “De graça recebestes, de graça deveis dar” (Mt 10,7-15). Sede homens de Deus. Ser homem de Deus significa ser homem de oração. Rezem pelo povo, mas também com o povo.
Nas posses que temos realizado estes dias, o ponto alto do rito é a entrega da chave do sacrário. Como é importante, significativo, educativo, catequizador, quando o povo chega na igreja e encontra seu padre em oração diante do Santíssimo Sacramento. Quando alguém liga para a casa paroquial e a secretária diz: ele agora está rezando.
2 – Sede homens simples, despojados, não gananciosos. Saibam entrar e sair com respeito e espirito de humildade e paternidade na casa de todos, sejam eles pobres ou ricos. Sejam honestos e transparentes da administração dos bens da Igreja, prestando contas à Cúria Diocesana e ao povo de Deus. Cuidem de uma maneira especial dos mais pobres, pois eles são os prediletos de Deus. Façam verdadeiramente opção preferencial pelos pobres, porém, nem exclusiva nem excludente, mas que não deixe de ser opção preferencial!
3 – Sede fiéis na vida celibatária e tende cuidado com vosso comportamento. Sois padres não só no altar, mas onde quer que estejais.
4 – Sede obedientes: a Deus, a mim e aos meus sucessores como prometereis hoje. Sede obedientes na missão para a qual fordes enviados. Não tenhais medo. Respondei com as palavras do profeta Isaías no domingo passado: “Eis-me aqui, Senhor, Envia-me!” (Is 6, 8) lembrai-vos da promessa de Cristo Ressuscitado: “Eis que eu estrei convosco todos os dias até a consumação dos séculos.” (Mt 28,20). Acrediteis nisto e que isto vos baste!
5 – Tende como preocupação primeira tornar Jesus Cristo, que nos escolheu, conhecido, amado e seguido. Sede ávidos pregadores da Palavra de Deus e para isto, reservem tempo para se prepararem, retomando os estudos que recebestes e procurando cuidar de vossa formação permanente.
6 – Sede fraterno e acolhedores com todos. Não sejam autoritários, mas sede irmãos, capazes de ouvir, de dar atenção às pessoas, de trabalhar em equipe, com a participação dos Conselhos Paroquiais instituídos. Nunca se considerem autossuficientes. Ninguém sabe tudo. Tenham a humildade de contar com pessoas que têm capacidade de ajudá-los na administração das paróquias.
7 – Sede fraternos com vossos colegas padres. Não vos isoleis, cada um em seu feudo. Marquem presença, e presença ativa, nas assembleias e encontros diocesanos e nas regiões episcopais, bem como nos encontros com os padres.
8 – Sede devotos de Nossa Senhora e dos santos. Rezem o terço todos os dias e não esqueçam a Liturgia das Horas, tão bem exercitada no Seminário. Lembrem-se, igualmente, da necessidade de confessar-se periodicamente e se possível não dispensem um bom diretor espiritual.
9 – Sede pastores de todos, sem discriminação de pessoas. Procurai construir uma Igreja inclusiva, amando os pecadores, mas sem relativizar o pecado. Pregai sempre a Verdade. “A verdade vos libertará”.
10 – Sede padres santos, fiéis e felizes.
Teria muito mais a dizer a vós e a vossos colegas, mas por hoje é o suficiente.
Com paternal afeição, Deus vos abençoe, hoje e sempre.
† José Luiz Gomes de Vasconcelos.

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