POUCAS E BOAS
ACONSELHO
Quando decidi ingressar na radiofonia, já o fiz de forma meio atrevida. Elaborei um Programa de Variedades de duas horas de duração, contento 15 quadros. Neles, eu pretendia enfocar notícias, curiosidades, entrevistas, debates, participação de ouvintes, música de boa qualidade, dentre outras coisas. E o primeiro Programa Artemísio da Costa estreou oficialmente em 1º.12.1996, na extinta Rádio Regional (hoje Voz FM). Pena que nesses 26 anos nunca consegui colocar no ar todas essas atrações num mesmo Programa. Quem sabe, um dia conseguirei.
Uma das grandes preocupações era como produzir a chamada de abertura (vinheta). Teria ela de sintetizar, num pequeno texto, minha intenção ao ingressar nesta área tão difícil, melindrosa e cativante (Comunicação), que era totalmente diferente da de funcionário do Banco Brasil. Foi aí que veio à mente o tripé: passado, presente e futuro. E foi o mote para eu criar: “… PROGRAMA ARTEMÍSIO DA COSTA: Aqui você conhece bem o passado, para compreender melhor o presente, a fim de projetar melhor ainda o futuro”.
Entendo que seja imprescindível buscar-se “conhecer com mais aprofundamento e frequência” todas essas etapas. Com esse conhecimento, tanto poderemos combater erros como apontar o caminho certo. Possibilita-nos, ainda, prever e evitar possíveis avaliações e tomadas de decisões errôneas.
Com case nisso, pergunto: quantos prejuízos não já ocorreram e continuam a ocorrer devido à falta desse olhar mais apurado, especialmente quanto ao passado? Quantas injustiças deixariam de ser feitas se fosse aplicada essa simples estratégia? E o que nos impede fazer isso?
Já que nosso Programa deste domingo irá focalizar e questionar a vida e a obra de Antônio Conselheiro – Antônio Vicente Mendes Maciel (1830 – 1897), cito-o como uma figura que ainda carece de mais estudo e mais conhecimento por parte da população. Sem dúvida, trata-se de um notório exemplo do que a falta do conhecimento real dos fatos ou, pior ainda, a sua negação e ocultação, podem acarretar de prejuízos. Não somente à pessoa envolvida, mas também a um grupo, a uma nação e à própria história.
O caso específico do famoso cearense de Quixeramobim chama a atenção porque, por muito tempo e até por muitos dos conterrâneos, coestaduanos e compatriotas Conselheiro foi tachado de maluco, agitador, irresponsável, etc. Tudo isso ocasionado pelo desconhecimento da realidade ou pela desvirtuação desses, geralmente perpetrada por quem se sentia prejudicado em seus interesses pessoais ou de instituições a que pertenciam. E mais: em detrimento das conquistas e do bem-estar de seus antigos escravizados ou dependentes.
Mas ainda bem que semente de qualidade bem e bem plantada um dia dará frutos. E sendo a semente do bem, adubada com a verdade e com a limpidez dos bons propósitos vingará em muitos lugares. Como ocorre com a história de outros grandes vultos, sempre surgem os anjos protetores. Menciono aqui grupos de homens e mulheres do Quixeramobim, Canudos e outras localidades que lutam bravamente para resgatar Antônio Conselheiro do esquecimento em que durante muitos anos ficou adormecido. O fantástico trabalho realizado por essas pessoas tem como meta primordial restabelecer a verdade, colocar Conselheiro no seu merecido lugar na história e extrair dela sem bom legado para gerações do presente e do futuro. Agora, que haja sensibilidade do poder público, das instituições, das escolas, da sociedade e de quem realmente conhece a história e propugna para que ela seja respeitada e preservada. E a melhor maneira de se atingir isso é buscar conhecimento e apoiar quem o promove.
Enfim, quanto ao notável Conselheiro, aconselho: Experimentem conhecer bem o passado, para compreender melhor o presente, a fim de projetar melhor ainda o futuro.
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Alô, Secretaria de Cultura!
Por reiteradas vezes, aqui e no Rádio, já defendi que o resgate das demais obras de Domingos Olímpio, além de reconhecer-lhe o imenso valor, enriquece ainda mais nossa literatura e mata a curiosidade de muitos leitores.
Só lembrando
Os descendentes do escritor residem na capital carioca. Meu recado é extensivo à Academia Sobralense de Estudos e Letras (ASEL)
Outras obras
Também são da lavra do autor de Luzia-Homem: Rochedos que choram; A perdição; Túnica de Nessus; Tântalus (dramas); Um par de galhetas; Domitília (comédia); Os maçons e o bispo; História da missão especial em Washington; A questão do Acre; Uirapuru; A loucura na política e O negro. Em tempo: Domingos Olímpio Braga Cavalcanti nasceu em Sobral (CE) a 18.09.1850 e morreu no Rio de Janeiro (RJ) em 06.10.1906, aos 56 anos.
Viva Domingos Olímpio!
Domingos Olímpio Braga Cavalcanti nasceu em Sobral (CE) a 18.09.1850 e morreu no Rio de Janeiro (RJ) em 06.10.1906, aos 56 anos. Foi um advogado, diplomata, jornalista, parlamentar e romancista. É patrono da cadeira nº 8 da Academia Cearense de Letras. Exerceu a atividade jornalística no Rio de Janeiro, em periódicos como O Comércio, Jornal do Comércio, Correio do Povo, Cidade do Rio, Gazeta de Notícias e O País. Dirigiu o periódico Os Annaes, semanário que contou com a colaboração de muitos escritores brasileiros e portugueses. Em Os Annaes publicou o romance O Almirante e deixou incompleto O Uirapuru. Deixou diversos trabalhos, entre romances e peças, a maioria inédita em livro. Apresentou candidatura para a Academia Brasileira de Letras, mas foi derrotado pelo poeta Mário de Alencar, filho do romancista cearense José de Alencar, tendo contado apenas com o apoio de Olavo Bilac, que faria um elogioso necrológio de Domingos Olímpio, ou Pojucan, um de seus pseudônimos. “Luzia Homem” é seu livro mais importante e conhecido. Domingos Olímpio morreu no Rio de Janeiro (RJ), 07.10. 1906.
Clareou!
Deixando de lado a insensibilidade das autoridades locais quanto a essa questão que envolve Domingos Olímpio e suas obras, vislumbrei uma luz no final do túnel. Descobri uma bisneta de Olímpio, que atua na divulgação do escritor. Depois voltarei ao assunto.