POUCAS E BOAS

… Bocado esquecido
Você já atentou para a resposta quando perguntamos a uma pessoa se ela já fez algum agradecimento em mais um dia que lhe é dado?
Observe que quase sempre ouvimos: Agradecer o quê e a quem? Descobrimos, então, que na maioria das vezes nem mesmo a Deus é dirigido o agradecimento. Imagine aos semelhantes!
Isso denuncia o quão negligente está a humanidade quanto à prática da tão sublime virtude da gratidão. Até mesmo quando a pessoa é beneficiada superabundantemente. Nem se atina para o alto valor terapêutico que dela advém.
Na tentativa de minorar ou eliminar essa falha clamorosa é que no calendário constam duas datas relativas à gratidão. E o objetivo principal é questionar, lembrar e estimular o exercício do dever de sempre agradecer.
Os brasileiros comemoramos o Dia da Gratidão em 6 de janeiro, coincidindo com o Dia de Reis, remontando aos Reis Magos. Em âmbito mundial, na maioria dos países, a comemoração ocorre em 21 de setembro (amanhã). Já em países como Canadá e Estados Unidos, o Dia de Ação de Graças é celebrado na última quinta-feira de novembro.
Se com Deus e com quem conosco convive agradecer não se tem tornado hábito, o que dizer, então, quanto a nossos benfeitores, especialmente os que já partiram?
Costumeiramente, as pessoas falecidas são mais lembradas nas duas datas que delimitam sua passagem pela terra: a do nascimento e a da morte. Isso ocorre, em tese, porque na prática até mesmo quem fez muito por um povo, quem marcou a história, com o tempo começa a descambar para o esquecimento.
É óbvio que a memória dos mortos não pode continuar a ocupar todo o tempo dos vivos; nem os vivos podem esquecer completamente seus mortos e deixar de reverenciá-los, o que seria uma cruel ingratidão. O equilíbrio entre essas duas situações é a saída. Agora, relegar a memória dos mortos ao esquecimento torna-se ainda mais cruel quando isso advém de quem conviveu com o desaparecido ou por ele foi fartamente beneficiado direta ou indiretamente.
Neste mês, comemoramos o 143º aniversário de nascimento de Dom José Tupinambá da Frota (1882-1959). Já na quinta-feira (25/09) lembraremos os 66 anos da sua morte. Assim sendo, que tal um questionamento a respeito do que exposto acima tendo como enfoque nosso primeiro bispo e outros vultos históricos sobralenses?
Dom José, o grande antístite sobralense, é, indubitavelmente, o maior benfeitor de todos os tempos deste município, sendo autor de inúmeras obras de pedras e cal e disseminador intransigente da Palavra de Deus. Mas, a exemplo de Padre Ibiapina, Domingos Olímpio, José |Júlio de Albuquerque Barros (Barão de Sobral), Maria Tomázia, Visconde Saboia, Mons. Aloísio Pinto, Mons. Sabino Loiola e muitos outros sobralenses ilustres, indago:
– Dom José também estará começando a cair no esquecimento até mesmo nas duas principais datas de sua passagem pela Terra?
– Será que seus sucessores, colaboradores e os que dirigem as obras por ele construídas também se fizeram/fazem essa indagação?
– Enfim, será que o primeiro bispo da Diocese de Sobral está sendo relembrado e reverenciado como merece?
Vale ressaltar que essas perguntas não têm como alvo algumas pessoas e entidades de Sobral e da região. Refiro-me àquelas cujo proceder comprovam sua admiração e seu respeito à figura de Dom José e desenvolvem incansável luta para preservar a memória dele.
Essas pessoas, sim, justificam o pensamento de Cícero – Marco Túlio Cícero (107 a.C. – 43 a.C.), filósofo, advogado e destacado político na Antiguidade. Ele disse: “A gratidão não é somente a maior das virtudes; é também mãe de todas as outras”.
A propósito, certa vez o saudoso amigo maestro José Wilson Brasil me contou que, no velório de Dom José, lá pela madrugada, havia apenas três ou quatro pessoas na igreja Menino Deus. E é porque a maioria dos ausentes confessavam ser grandes amigos e admiradores do bispo morto e a ele juravam estar em sua companhia até o momento final.
Na realidade, ocorrências dessa natureza não diz nada a quem se despede da vida e nem os atinge mais. Serve, sim, de instrumento para avaliar o quão são falhos e, às vezes, falsos os juramentos de amizade, dedicação e respeito a que estamos passíveis no que se refere a relações interpessoais.
Diante disso, pergunto a você, meu caro leitor: Seus admiradores se dizem amigos de todas as horas? E quando chegar ‘seu dia’ será que o número deles se iguala ao dos que velavam Dom José?
Se se iguala, não se iluda: você não será velado como um grande vulto. Será, sim, mais um que começa a ser esquecido antes mesmo de ir para debaixo do chão.
Isso o incomoda ou o entristece? Fique frio!
Ou acha que não dá pra ficar frio ao pensar em tamanha ingratidão?
Relaxe!
Isso pouco importa nesse momento, pois a parada daí pra frente será entre você e Deus.
E uma coisa lhe garanto: no “seu grande dia” você estará friinho, friinho. E para sempre!
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DIA DO RADIALISTA: NÃO CONFUNDA MAIS
A respeito das datas que homenageiam os profissionais que militam no Rádio pairam muitas dúvidas, inclusive entre radialistas. Eis as principais datas do rádio:
21 DE SETEMBRO – Dia Internacional do Rádio e do Radialista. Trata-se da data em que Orson Welles, em 1930, fez a sua histórica transmissão da adaptação de “A Guerra dos Mundos”, baseado no romance do inglês H.G. Wells, no programa Teatro Mercúrio no Ar, em Londres, Inglaterra.
25 DE SETEMBRO – Dia Nacional da Radiodifusão – Data do nascimento de Edgar Roquette Pinto (1884-1954), fundador da primeira emissora de radiodifusão do Brasil, a Sociedade no Rio de Janeiro.
7 DE NOVEMBRO – Dia oficial do Radialista no Brasil, criada há onze anos. Data natalícia do compositor, músico, político e radialista Ary Barroso (foto). Ary Evangelista de Resende Barroso, nasceu a 7 de novembro de 1903, em Ubá (MG), e faleceu no dia 9 de fevereiro de 1964 (domingo de carnaval), no Rio de Janeiro, RJ.
O Dia Nacional do Radialista, antes comemorado em 21.09, nasceu do projeto do advogado, radialista e deputado João Sandes Junior (PP-GO), que culminou na lei 11.327, de 24.07.2006, conforme Diário oficial da União de 25.07.06.
Pérolas do Rádio I
Certamente tentando contrargumentar por ter sido aqui contemplado várias vezes, esse colega me mandou uma indireta: “Ligo, não. Já ganhei até vários troféis e ele, talvez, não”. Mais uma preciosidade (TROFÉIS) para se juntar às inúmeras PÉROLAS que ele já me forneceu. Que continue recebendo seus troféis, pois bem merece. Agora, TROFÉUS desta Coluna, jamais.



