Santa inocência: Do seu filho (a) ou sua?

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artemisio da costa 2

Foi-se o tempo em que se podia atribuir esse chavão àqueles “anjinhos” que nos causam inveja pelo frescor dos seus verdes anos e pela pureza que aparentemente transmitem. Essa “santa inocência” vem diminuindo tão rapidamente a ponto de já se poder pensar na sua iminente e completa extinção. Paradoxalmente, muitas vezes esse atributo torna-se mais pertinente a nós (adultos) do que a elas (crianças). Senão vejamos:
Há algum tempo recebi a visita de um amigo de outro estado, o que me gratificou muito. A maior facilidade de navegar na internet em minha casa que na dele imediatamente fascinou a filhinha de 11 anos daquele casal.
A empolgação foi tanta que obrigou os pais a cederem à pressão da menininha, que insistia em permanecer por alguns dias em minha casa.
Por se tratar de apenas uma criança do interior e pelo fato de meu computador estar situado num local relativamente bem transitado pelos de casa, não tomei nenhuma providência técnica inibidora de possíveis passeios virtuais impróprios. Mas “foi aí que o véi dançou”, como diria Genival Lacerda.
Segundo minha mulher, era estranho o susto da jovem toda vez que alguém entrava ou mesmo passava perto do meu escritório. Quando isso acontecia, a pequena internauta, imediata e atrapalhadamente, mudava de página de pesquisa ou fechava o PC sem obedecer àquela sequência normal. Mas bastou uma rápida análise no histórico do computador para eu constatar que a menininha havia visitado inúmeros sites pornográficos e outros de leitura inapropriada para pessoas da sua idade. E o mal menor: empanturrou meu computador de vírus.
Com muito cuidado, carinho, sem broncas e com preocupação paternal procurei inteirar a garota sobre os malefícios daquela prática e sobre o objetivo daqueles que oferecem tal serviço (pornografia na rede). Orientei-a a não reincidir, cientificando-lhe de que é muito fácil se detectar o que ela fizera, além de isso constituir-se num mau uso da moderna tecnologia. Também a incentivei a não deixar de aproveitar desse moderno e útil instrumento (internet), uma vez que muita coisa boa ela tem a oferecer. Basta procurar.
Quanto à comunicação aos pais, cuidei de arranjar uma estratégia inteligente, pois como bem os conheço, sem uma preparação a reação será a pior possível. Fatalmente poderá criar um problema pior ainda. Mesmo assim, eu lhes dei conhecimento do ocorrido na ocasião apropriada.
Graças a Deus, com muito amor e cuidado os pais souberam discutir o problema com a garota, tomaram as providências técnicas no computador de casa, a fim de impedir que o fato se repita. Tudo foi contornado e a lição foi aprendida por aquela família. E por mim que passai a ter as devidas precauções quando alguém vai utilizar meu computador, principalmente crianças e jovens.
AGORA REFLITA: Estará você, meu caro leitor, também como estávamos eu e o pai da garotinha, viajando numa santa inocência, enquanto seu filho (a) ou o seu visitante faz perigosas viagens diabólicas no seu computador ou no dos outros?
Se você é daqueles (as) que se preocupam em apenas dotar seu lar da atual excelência tecnológica para se “livrar” dos filhos, mas não acompanha quem dela faz uso, fique certo de que qualquer dia poderá ser surpreendido da mesma forma como infelizmente fui. Pense nisso!
E aja antes que seja tarde demais!
***

Vem pra cá!
Por e-mail, filho de parente meu residente no Pará quis saber quantos cursos superiores Sobral já oferece. De imediato, não foi possível responder com exatidão. Mas satisfiz a curiosidade do jovem ao garantir que existia o que ele procurava – Medicina. Viva Sobral!

Antes, uma garagem
A indagação do amigo me instigou a também fazer uma (indagação) a você, leitor amigo: Com tantos cursos (faculdades) abrindo quase que diariamente em toda esquina da cidade, em todo cubículo, em toda garagem, você também sente dificuldade para quantificar o número deles? E a qualidade, hein!

Cuidado!
A essa enorme quantidade de cursos inegavelmente vem atrelada maior facilidade de infiltração do que não tem qualidade. Responda, se puder: Quem, em Sobral, garante a legalidade e a qualidade desses novos cursos? E se forem ilegais e/ou desautorizados, quem indenizará os que neles investirem tempo e dinheiro? Com as respostas, será bem menor o risco do prejuízo.

Ingratidão
É o que tem acometido a Câmara local que ainda não prestou uma merecida homenagem ao quase desconhecido professor, poeta, músico e grande sobralense, Esmeraldino Vasconcelos, que faleceu há exatas duas décadas. Muitos até nem sabem que foi ele quem compôs o Hino de Sobral. E o descaso não é só da Câmara, não. Ingratidão e cegueira intelectual contagiam.

30 anos
José Esmeraldino Vasconcelos morreu em 06 de setembro de 1994, aos 84 anos, em Fortaleza (CE). Apesar de cego, tornou-se músico, escritor, poeta e professor do Instituto dos Cegos do Ceará. O autor do Hino oficial do município de Sobral, onde nasceu em 16/04/1909, sendo filho de Antonio Galvino de Vasconcelos e Maria Branca Esmeralda de Vasconcelos. No dia 01 de setembro de 1955 fundou o Educandário Padre Anchieta estabelecimento de Ensino Primário para pessoas com visão e no dia 01 de setembro de 1957 inaugurou a sede própria desta escola, que foi extinta em novembro de 1972 por circunstâncias alheias à vontade de seu diretor, através de ação judicial. Em 1954 publicou o livro “Luz dos meus olhos”, numa edição de 1.000 exemplares. Também colaborou com os Diários Associados durante dois anos como cronista amador incrementando os Círculos de Pais Mestres. É autor do Hino do Instituto dos Cegos do Ceará e de muitas outras composições.

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