Herculano Costa

O Brasil não é mais um país de jovens

É sabido, porque muitas vezes comentado e debatido nos meios sociais, que o desprezo e abandono à pessoa idosa cada vez mais se efetiva nos dias de hoje. Embora saibamos, também, que ainda é muito grande a desinformação acerca dessa questão. Em vistas a documentos e textos literários sobre a velhice no Brasil encontram-se registros de que “Entre 1980 e 2000 a população com 60 anos ou mais cresceu 7,3 milhões, totalizando 14,5 milhões, até o fechamento do século passado”. (ONU/OMS).
Antes da década de 1930, o Brasil era um país subdesenvolvido, conforme visíveis características de subdesenvolvimento como: pobreza extrema, fome generalizada, má distribuição de renda etc. A partir daí algumas mudanças de progresso social foram sendo notadas. Mas, o Brasil ainda não deixava de ser um país subdesenvolvido, embora, sendo considerado um país em desenvolvimento, apesar de ainda persistirem indicadores sociais de países subdesenvolvidos: má distribuição de renda, fome acentuada e pobreza elevada.
Entretanto, no período compreendido entre 1930 e 1980, o Brasil cresceu em alguns aspectos, aproximando-se, desta forma, de países desenvolvidos, pelo menos nos setores da industrialização e do IDH. E cresceu até mais do que a média da economia mundial, diga-se de passagem, segundo muitos observadores, tornando-se, assim, uma das 10 maiores economias do mundo. “Até os anos 1980 o Brasil era considerado um país jovem (Massi, Berberian, & Ziesemer, 2016).
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (2013), os anos da década de 1980 apresentaram importantes alterações demográficas no país, como o achatamento da base da pirâmide etária e o alargamento de seu ápice. Segundo Pereira, Souza e Camarano (2015), a transição demográfica decorreu de um envelhecimento pela base, isto é, advindo da queda das taxas de fecundidade, seguido por um envelhecimento pelo topo, ou seja, pela redução das taxas de mortalidade no substrato populacional de idade mais avançada. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra por Domicílios (PNAD), em 2014 a população brasileira era de 203,2 milhões de pessoas, o que apresentou um crescimento de 0,9% em relação ao ano anterior, sendo que a participação dos idosos foi de 13,7% da população, o que significa um crescimento de 0,7% relativo a 2013 (IBGE, 2015).
Em estudo recente, salienta-se que um país é reconhecido como estruturalmente envelhecido, quando, pelo menos 7% de sua população é composta por pessoas de 60 anos ou mais, o que de acordo com a PNAD, mostra que o Brasil está envelhecendo (Dawalibi, Goulart & Prearo, 2014).
Também, projetou-se para 2025 uma população de 35 milhões de idosos colocando o Brasil como o sexto maior país do mundo em número de pessoas idosas. Ainda, (Küchemann, 2012), (Dawalibi, 2014), (Brito, Oliveira, & Eulálio, 2015) e Massi, 2016) estimaram que em 2050 a população idosa brasileira atingirá o patamar de 64 milhões de pessoas, representando uma proporção de um idoso para cada cinco pessoas (Alves, 2015; Santos & Silva, 2013).
Destarte, o Brasil já há algum tempo deixou a condição de um país de jovens!
Por Herculano Costa (*) – Jornalista RI. ACI N° 1.216 – (*) Formando em Psicanálise Clínica, com especialização em Neuropsicanálise, Professor, Escritor e Poeta.

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