Educação: Pedagogia Tradicional ou Construtivista?
A adolescência é uma etapa extremamente difícil, que marca mudanças no corpo, na voz, no comportamento social e psicológico. A transformação tem início por volta dos 11 anos. Uma das primeiras transformações é a discordância com o que os adultos dizem. É como dizer para eles próprios, endereçando principalmente para os pais que: “Eles não entendem as nossas atitudes e pensamentos porque não viveram a oportunidade que estamos vivendo. Essa nossa liberdade de dizer o que pensamos, de ser contra as idéias deles e de fazer o que achamos melhor. Eles não tiveram isso e hoje nós temos”.
Vamos destacar aqui a educação como principal fator nessas mudanças. Muito tenho falado que a educação espontânea é essencial para a formação do indivíduo. Nela está a essência para que uma pessoa tenha a moral e a ética.
Até a década de 1960 e meados dos anos de 1970 a educação formal tinha como sujeito o educador. Na escola, todos respeitavam o professor como uma autoridade que não poderia ser contestada. Na verdade além da autoridade o professor era muito autoritário. Ninguém podia questionar qualquer que fosse o assunto exposto por ele, mesmo que alguém discordasse de sua posição. Ele era um poço de sabedoria, que “despejava” todo o seu conhecimento para os alunos “beberem”. Nessa educação tradicional o adolescente respeitava o professor e com isso fazia com que ele respeitasse os pais, os tios, os irmãos mais velhos e as pessoas em geral.
Na década de 1980 o cenário na educação formal foi mudando através do ensino construtivista e o sujeito passou a ser o aluno, ou seja, o educando começou a ter a oportunidade de questionar as idéias do professor e este, passou a dar espaço para um debate de igual para igual. Ótimo, isto foi um grande crescimento educacional. Um grande avanço no processo de ensino aprendizagem. Afinal, ninguém sabe tudo e todos nós sabemos alguma coisa para acrescentar em algum tema dentro de uma discussão compreensiva. O aluno agora, como sujeito, começou a contribuir na argumentação com o professor.
No entanto, na pedagogia construtivista o professor aos poucos foi perdendo a sua autoridade (principalmente na escola pública) porque o aluno começou a entender que ele como sujeito era a autoridade máxima na sala. Eu mesmo posso dizer que usando o construtivismo, alguns alunos achavam bom a liberdade de expressão e o debate. Contudo, não compreendiam bem essa mudança, pois eu era autoridade, mas não autoritário. É como se parte deles não aceitassem ser o protagonista da sala de aula.
Todavia, quando os alunos descobriram que estavam como protagonistas, tudo mudou. Começaram a questionar e discordar dos pais e criar argumentos a favor deles próprios. Ora, se a pessoa que ele mais respeitava como orientador educacional estava dando essa oportunidade de debater, de questionar e de até criticar suas idéias, porque ele não podia fazer o mesmo com os pais? Foi assim, que o adolescente com suas mudanças no comportamento social e psicológico já existente dentro de si, tem desrespeitado professores, irmãos, tios e até mesmo pai e mãe. E então, qual a melhor pedagogia? A tradicional ou a construtivista? Creio que o educador deve manter sempre o debate aberto, ter sua autoridade e ser autoritário na hora necessária.
(Por Salmito Campos – salmitocamposs@gmail.com).