Em Memória da Eterna Maestrina Izaíra Silvino

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SALMITO

Vou falar um pouco de Izaíra Silvino que nos deixou no dia 14/08 às 17h45min. No início da década de 1980, eu, morando na Residência Universitária da Gentilândia, via vários cartazes para inscrições de Canto Coral da Universidade Federal do Ceará – UFC. Fui ao Conservatório Alberto Nepomuceno fazer minha inscrição. Lá estava Izaíra sozinha numa sala tocando piano. Ao preencher uma ficha ela quis que eu fizesse logo o teste vocal. Fiquei muito nervoso e me recusei a fazê-lo. – “Sem problemas, depois você faz”. No entanto, sem mais delongas, com toda a sua simpatia, simplicidade e leveza na voz ela foi me envolvendo de uma tal forma que fiz o teste sem saber se estava fazendo. Ela era assim, cativante, carinhosa, de um sorriso muito fácil de se amar. Depois disso foram quatro anos de convivência no Coral da UFC.
Nas palavras de Lúcia Menezes, (coralista na época), “Izaíra revolucionou a música cearense na década de 80 através do Coral da UFC. Muitos artistas se revelaram nesse tempo. É uma história longa para poucas linhas. Vários corais, grupos musicais, carreiras solo e o curso de música da UFC. O Ceará perdeu uma artista que multiplicava cultura, arte… nós que a tínhamos de perto perdemos além de tudo isso, perdemos também, amor, amizade, carinho, solidariedade, abrigo… Nossa cidade, nossa cultura, nossa arte e nós ficamos órfãos”.
Já para José Brasil Filho, (foi coralista), “Izaíra foi uma luz na minha vida. Foi uma mãe, conselheira, professora, orientadora do caminhar pessoal e profissional. Seus conselhos e admoestações estarão sempre no meu coração. Muito obrigado, mestra querida. Siga em paz. A música te agradece.
Para Álcio Barroso, (foi coralista), “Izaíra Silvino, é abstrata sereia, serena e etérea, é tema de vida, é estrela dourada, é sublime e lembrada em rastros de amor, é harmonia sentida, sutil melodia, longínqua brisa, maestra de todos.
Ladislau Mota (foi coralista) dá o seu recado: “Seu canto transformou muitas pessoas. Gratidão, amada Mestre Izaíra Silvino. Voa sabiá (foi assim que um dia levei um recado do Patativa do Assaré para ela, ele chamando-a de Sabiá). Agora voas mais alto e logo… um vôo eterno. Transforma-se em luz como sempre nos iluminou”.
Guaraciara Araújo, (foi coralista), diz: “Izaíra era uma mulher cheia de talentos. Excelente escritora, poetisa, cantora, compositora, regente, amorosa, multiinstrumentista, educadora, e genial na arte musical. Por onde passou soube despertar nas pessoas o pensamento crítico voltado para uma sociedade mais justa. Todos queriam estar perto dela e beber um pouco do amor que ela possuía. Sabia falar sério nos momentos necessários, mas acima de tudo era acolhedora na alegria e na tristeza. Como musicista e educadora transformou o cenário musical do estado do Ceará principalmente no canto coral com trabalho de vanguarda e alta qualidade e na criação dos cursos de música na Universidade Federal nos campi de Fortaleza e Crato”.
Para mim, Izaíra transformou o canto coral do nacional para o regional, focando o repertório da Música Popular Brasileira e incluindo principalmente a Música Nordestina. Através do Recital “Nordestinos Somos” deixou de lado as apresentações regulares em semi-círculos, levando os coralistas a cantarem a partir do auditório com roupas em cores diferentes e envolvidos com lençóis. Ousadia de espanto quando participamos de um Festival Maranhense de Coros – FEMACO, usando este modo de canto coral. Saudades eternas.
(Por Salmito Campos – salmitocamposs@gmail.com)

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